segunda-feira, outubro 27, 2008

Experiência missionária em Ruanda

Simone Carvalho de Azevedo nasceu no dia 5 de janeiro de 1983, no Rio de Janeiro. Formada em Relações Internacionais, trabalha como analista de projetos de cooperação internacional do British Council (BC), organização internacional do Reino Unido para oportunidades educacionais e relações culturais. O BC está ligado à Embaixada Britânica, responsável por programas de cooperação entre o Reino Unido e o Brasil e busca estabelecer troca de experiências e fortalecer laços que resultem em benefícios mútuos entre o Reino Unido e os países onde está presente, atuando em educação, língua inglesa, ciências, arte, governança e direitos humanos. O BC está presente em 222 cidades e 109 países. Seus principais parceiros incluem governos, organizações não-governamentais e instituições privadas.

Simone trabalhou na equipe de planejamento, implementação, monitoramento e avaliação de projetos de educação, governança/direitos humanos e mudanças climáticas. Relaciona-se principalmente com o MEC, MCT, Unesco, Consed, União Européia e embaixadas européias em Brasília.

Simone fala fluentemente inglês, francês, espanhol, italiano, além do português; e entende “um pouco” de romeno, swahili e kinyaruanda. Ela teve algumas experiências missionárias marcantes, sobre as quais fala um pouco nesta entrevista concedida a Michelson Borges:

Como surgiu a idéia de ser missionária?

Desde pequena, tive vontade de ser missionária. As histórias que ouvia de missionários brasileiros e estrangeiros me encantavam e emocionavam. Enquanto cursava Relações Internacionais, o desejo se intensificou e decidi que iria para a África de qualquer maneira, logo após minha formatura.

Algum tempo antes tinha conversado sobre meu desejo com o Pr. Daniel dos Santos, então diretor da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra) do Estado de São Paulo (União Central Brasileira). Ele estava prestes a se mudar para Ruanda, África, onde seria diretor da Adra. Assim, no fim do último ano da faculdade entrei em contato com ele novamente e com outros diretores da Adra em países africanos. Orei bastante a Deus e decidi que eu iria para o primeiro país que me desse uma resposta positiva. Foram três meses de ansiedade, espera e oração. Por fim, a Adra Ruanda formalizou o convite para eu trabalhar como voluntária/missionária em Relações Públicas, e eu prontamente aceitei.

Em que países você já estudou ou trabalhou e o que fez lá?

Logo que ingressei no curso superior de Relações Internacionais, tomei a decisão de que aprenderia quatro idiomas (um em cada ano) e seria poliglota. Foi um sonho que brotou em 2001 e se concretizou em 2004, com o apoio da minha família e de Deus. Eu sabia um pouco de inglês e nada mais. Assim, fiz uma espécie de plano/roteiro com meu pai e fui à luta! Cada período de férias estudava um idioma ou o reforçava, sempre em países diferentes. Durante o ano, fazia aulas particulares com professores nativos da língua, para mantê-la e aperfeiçoá-la. Foram muitas horas de estudo e muitas pesquisas de passagens aéreas, lugares para estudar, cursos, etc. Sempre priorizei estar com famílias ou instituições adventistas.
Em quatro anos pude estudar espanhol na Universidade Adventista de Cochabamba (Bolívia); francês na casa de uma família adventista da Guiana Francesa e no Colégio Adventista de Collonges (França); inglês nos Estados Unidos e no Helderberg College (Africa do Sul) e italiano no Instituto Adventista de Villa Aurora (Itália).

Em 2005 trabalhei em Ruanda como coordenadora de Relações Públicas da Adra. No ano seguinte, tive a oportunidade de trabalhar na Bélgica como trainee da Comissão Européia, no Departamento de Cooperação Internacional. Foi um grande privilégio para mim, pois cada semestre a União Européia seleciona em média 700 trainees, dos quais a grande maioria é européia, e convocam somente, no máximo, dois brasileiros. O ano de 2006 foi muito interessante, pois vivi e trabalhei justamente no país que colonizou Ruanda, ou seja, a Bélgica. Como meus colegas de trabalho e amigos não eram cristãos, pude testemunhar sobre minha fé.

Além de Ruanda e Bélgica, tive a oportunidade de ser missionária em Taiwan, Ásia, no fim de 2007. Participei ali da 2ª Conferência Mundial de Jovens e Serviço Comunitário, representando os jovens da América do Sul. Na primeira semana participamos de projetos comunitários ao redor do país. Estive no Colégio Adventista de Taiwan, com um grupo de norte-americanos, ensinando Inglês. Apesar de ser uma escola adventista, a maioria dos alunos era budista. Por isso, muitas sementes foram plantadas naqueles dias. Na semana seguinte, 2.500 jovens se reuniram na capital, Taipei, onde participamos da conferência. Auxiliei os pastores jovens de nossa Divisão Sul-Americana com interpretação do inglês para o português, colhi depoimentos, fotografei os melhores momentos e me envolvi na programação.

Fale um pouco sobre Ruanda e o genocídio.

Ruanda é um país localizado no interior da África. Faz fronteira ao norte com Uganda, ao sul e a leste com Tanzânia e a oeste com a República Democrática do Congo. A fronteira com a República Democrática do Congo está estabelecida em grande parte pelo lago Kivu. A elevada altitude de Ruanda torna o clima temperado. É um país muito acidentado, com muitas montanhas e vales, pelos quais é conhecido como o “país das mil colinas”. Abriga parte dos “gorilas de montanha”, que estão em extinção.

Ruanda tem aproximadamente 8 milhões de habitantes. Sua capital é Kigali e a principal religião é o catolicismo. Menos de 10% da população é adventista e atualmente há pouco menos de 2 mil igrejas adventistas no país.

As exportações de Ruanda se resumem em café e chá. Trata-se é um país rural com aproximadamente 90% da população trabalhando na agricultura. É o país mais densamente povoado da África, tem poucos recursos naturais e um setor industrial extremamente pequeno. Existem três idiomas oficiais: inglês, francês e kinyaruanda (idioma nacional e também o mais falado).

Em 1994 as tropas hutus, chamadas Interahamwe, acentuaram seus treinamentos e foram mais equipadas pelo exército ruandês com o objetivo de confrontar os tutsis. Em 6 de abril de 1994, Juvénal Habyarimana e Cyprien Ntaryamira, o presidente do Burundi, foram assassinados quando o avião em que estavam foi atingido enquanto aterrissava em Kigali. Durante os três meses seguintes, os militares e as tropas hutus mataram cerca de um milhão de tutsis e hutus oposicionistas, naquilo que ficou conhecido como o Genocídio de Ruanda.

Um dos grandes motivadores do massacre que houve em Ruanda foi a Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM), dirigida pelas facções hutus mais extremas. As mensagens da rádio focavam nas diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, à medida que o conflito avançava, os apelos à confrontação e à “caça dos tutsi” tornaram-se mais explícitos.

Quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foi estuprada. Muitas contraíram HIV/aids e ainda engravidaram. Hoje o país tem um grande número de órfãos e pessoas com aids. Apesar do ódio e rancor que existe ainda entre as tribos e famílias, o país, a Igreja e a Adra têm somado esforços para promover a união e reconciliação do povo ruandês. Por isso, viver e trabalhar em Ruanda foi um grande desafio, por ser um país que ainda está completamente mergulhado em tristezas e traumas.

Descreva brevemente os projetos da Adra lá.

Como coordenadora de Relações Públicas da Adra, eu era responsável por fazer o contato com a mídia impressa e eletrônica e apresentar os projetos de desenvolvimento da Adra a instituições governamentais, ONGs, agências da ONU e embaixadas. Pude também desenvolver newsletters, criar conteúdo para o novo website e auxiliar na elaboração de dois projetos de desenvolvimento social.

Como parte do meu trabalho consistia em colher depoimentos, fazer entrevistas e tirar fotografias, tive a oportunidade de ouvir muitas histórias interessantes e emocionantes e estar em contato com todos os projetos da Adra.

Em 2005 a Adra trabalhava com programas de Educação e Formação, Saúde Sexual Reprodutiva, Desenvolvimento Econômico, Direitos Humanos e Segurança Alimentar. Tínhamos um projeto de alfabetização e educação de adultos; apadrinhamento de crianças; produção agrícola (arroz); distribuição de alimentos para pessoas carentes que tinham HIV/aids; treinamento e capacitação nas áreas de saúde, segurança alimentar e microcréditos; treinamento para jovens sobre saúde sexual e o programa integrado de terapia da aventura.

De qual desses projetos você mais gostou de participar e por quê?

O que mais me chamou a atenção foi o projeto de alfabetização de adultos, pois combinava teoria e prática de uma forma muito interessante. A maioria das aulas era ministrada ao ar livre, ou seja, embaixo de árvores. Por meio desse projeto, a Adra treinava instrutores, que eram pessoas que tinham terminado seus estudos (uma raridade), e esses ensinavam outros a ler e escrever. Os livros-texto traziam ilustrações do cotidiano ruandês e lições práticas relacionadas a sua cultura. Além disso, os alunos tinham a oportunidade de aprender atividades úteis, como fazer vaselina, sabão, cultivar horta, cuidar da água, entre outras.

Nos fins de semana, me envolvia bastante com atividades nas igrejas francófonas, anglófonas ou as que falavam somente kinyaruanda. Gostava de interagir com as pessoas, fazer novos amigos e ajudar principalmente na área musical. Tocava flauta transversal e piano nos cultos, cantava e auxiliava na Escola Sabatina das crianças (elas ficavam praticamente todas juntas em uma mesma sala). A Dra. Claudia Araújo, médica missionária brasileira, e eu cantávamos juntas e formamos um coral infanto-juvenil. Gostava também de cantar, tocar e contar histórias em orfanatos, prisões e em eventos da igreja.

Que tipos de privações você sofreu como missionária?

Minha maior privação foi a saudade da família e dos amigos. Apesar de fazer novos amigos lá, sentia falta das pessoas queridas que estavam longe. Muitas vezes me senti compadecida, tocada e emocionada ao ouvir as histórias e experiências tristes pelas quais os ruandeses passaram durante e após a guerra.

Lembro também de uma viagem de ônibus que fiz nas férias pelo Quênia, Uganda e Tanzânia. Foram longas horas de viagem sem ver nenhum banheiro. Não havia postos de gasolina ou “paradas” na estrada, então a único jeito era achar num lugarzinho no meio do mato!

Conte a história que mais a marcou.

Em uma de minhas visitas ao projeto de alfabetização de adultos no norte de Ruanda, tive a oportunidade de conhecer o Sr. Epinaque. Ele tinha 51 anos na época, era cheio de energia e simpatia. Apesar de ter poucos dentes, esbanjava um sorriso contagiante. Logo que entrei em sua casinha de barro, o Sr. Epinaque me chamou para mostrar o seu certificado de conclusão do curso da Adra de instrutor do programa de alfabetização de adultos. Com muito orgulho, ele me contou de sua alegria em ter aprendido um pouco de inglês naquele período e de como sua vida havia mudado.

Antes do curso, ele bebia muito. A esposa o deixou e levou consigo seus filhos. Após o envolvimento com o projeto da Adra, ele decidiu parar de beber, ganhou uma ocupação, melhorou a auto-estima e até se casou novamente. A Sra. Patrícia, sua nova esposa, estava ao lado dele naquele dia e não conseguia parar de sorrir, de tanta felicidade. Para mim, essa história foi mais um exemplo de como a Adra faz a diferença na vida das pessoas, uma de cada vez.

O que motiva alguém a ser missionário em outro país?

Senso de missão, vontade de servir, conhecer outras culturas, ajudar o próximo. No meu caso, além de tudo isso, crescimento espiritual e profissional também foram fatores marcantes.

Que lições você aprendeu e como passou a ver a vida depois dessa experiência?

Aprendi a ser mais paciente, simples, bondosa, humilde e respeitar e amar o outro. Como já mencionei, logo após Ruanda, fui trabalhar justamente na Bélgica, o país que colonizou Ruanda. Para mim, foram dois extremos – o colonizador e o colonizado, terceiro e primeiro mundos –, porém, cada um me ensinou uma lição de vida.

Que tipo de preparo se deve ter para ser missionário em outro país?

Muita oração, comunhão com Deus, empatia e desapego dos bens materiais. É muito importante também estar pronto para aprender coisas novas, interagir com pessoas diferentes sem preconceito e fazer leituras prévias sobre o país e a cultura.

O brasileiro leva alguma vantagem como missionário?

Sim, nosso “jeitinho brasileiro” abre muitas portas e encanta as pessoas. A facilidade de comunicação e a alegria que nós temos considero também pontos muito fortes.

Caso algum leitor sinta o desejo de ser missionário, o que ele/ela deve fazer e a quem deve contatar?

Em primeiro lugar, é importante sentir o chamado de Deus e o verdadeiro desejo de servir. Se você deseja trabalhar em um país que não seja de fala portuguesa, é imprescindível o domínio de um idioma estrangeiro (inglês ou francês, dependendo do lugar). Sempre indico escolas e universidades adventistas para o aprendizado de línguas, pois além de ter uma filosofia cristã, o ambiente de estudos e convívio é bastante agradável.

Quanto a escolas na Europa, indico o seguinte website: www.linguadvent.org. Há outras opções interessantes na América do Norte ou Oceania, que podem também ser encontradas na internet. Com relação a oportunidades missionárias, aconselho a busca nos seguintes websites: www.adventistvolunteers.org e www.adra.org

terça-feira, outubro 21, 2008

Novo fôlego criacionista

Geólogo adventista fala sobre a importância da criação da “filial” brasileira do Geoscience Research Institute

Aos 27 anos de idade, Nahor Neves de Souza Junior iniciou sua carreira profissional que já dura outros 27 anos. Essas quase três décadas, por sua vez, dividem-se em dois períodos iguais de 13,5 anos. Como geólogo criacionista, Nahor optou por uma carreira em Geologia Aplicada, tanto no âmbito acadêmico (mestrado e doutorado em Geotecnia, pela USP), como na esfera profissional (Petrobras, professor e pesquisador da Unesp e USP). Os 13,5 anos seguintes foram dedicados exclusivamente à obra de Deus, no Unasp, na coordenação de cursos de graduação e pós-graduação; como professor de Ciência e Religião; na publicação do livro Uma Breve História da Terra (em fase de conclusão da 3ª edição), preparação de artigos, CD-ROM e participação na produção de DVDs; apresentação de mais de trezentas palestras criacionistas em aproximadamente 120 eventos, entre outras atividades. “Estou entrando no meu 27º ano de feliz vida conjugal com Noemi [cirurgiã dentista, em São Carlos, SP], que me presenteou com quatro filhos, dos quais muito me orgulho: Israel, Tiago, Ana Claudia e Sarah”, diz Nahor.

No fim de junho, ele recebeu aquele que talvez seja o convite mais desafiador de sua carreira como militante criacionista: dirigir a “filial” brasileira do Geoscience Research Institute.

Para falar sobre isso, o Dr. Nahor conversou com Michelson Borges, no Unasp, campus Engenheiro Coelho.

Fale um pouco sobre o Geoscience Research Institute (GRI).

O GRI é uma instituição diretamente ligada à Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi fundado em 1958 com o propósito de utilizar tanto o conhecimento bíblico como o conhecimento científico, na busca de explicações para questões relativas às origens. Na verdade, a tentativa de harmonizar ambas as modalidades de conhecimento constitui a essência do próprio criacionismo.

Quem são os cientistas que trabalham ali e quais projetos de pesquisa eles desenvolvem?

A sede do GRI, localizada no campus da Universidade Adventista de Loma Linda (Califórnia), tem laboratórios próprios para pesquisa e uma biblioteca com 18 mil volumes, incluindo assinaturas de cem revistas técnicas. O instituto é responsável também pela publicação de dois periódicos: Origins e Ciencia de los Origenes. Sete cientistas, vinculados à instituição e que trabalham em período integral nos campos da Biologia, Geologia, Física e áreas afins, devotam seu tempo à pesquisa e divulgação do criacionismo em várias partes do mundo.

Essas pesquisas causam algum impacto na comunidade científica?

Além da atuação dos sete pesquisadores de tempo integral, o instituto mantém um modesto programa de apoio financeiro que favorece outros pesquisadores qualificados. O investimento em pesquisas, nos últimos 20 anos, resultou no desenvolvimento de aproximadamente cem novos projetos sobre temas relacionados com a origem e história da Terra. Vários desses projetos contribuíram para a produção de excelentes artigos científicos, publicados em anais de eventos técnico-científicos e em importantes revistas especializadas na área de ciências naturais.

Para o Brasil, o que significa ter uma filial do GRI?

Nosso País vem se destacando, no cenário da igreja mundial, não somente pelo expressivo número de membros, mas também nos setores da educação e do criacionismo. Nesse sentido, ressaltamos o trabalho pioneiro, extremamente abrangente e eficaz, desenvolvido (por quase quatro décadas) pela Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), com sede em Brasília, DF; as atividades realizadas pelo NEO (tradução e produção de artigos e livros criacionistas, divulgação mediante palestras em congressos e simpósios, entre outras iniciativas); e a oportuna e importante contribuição da CPB, na produção de abundante e excelente material criacionista (livros, materiais didáticos, CDs, etc.). Com efeito, podemos, então, destacar o principal objetivo dessa nova filial do GRI: otimizar os esforços e iniciativas individuais e das referidas instituições, em prol da conscientização e divulgação do criacionismo, para alcançar tanto a comunidade adventista como o meio acadêmico secular.

Como encarou sua nomeação para a função de diretor da sub-sede do GRI/Brasil?

Com surpresa e certa apreensão.

De que forma a criação dessa filial vai contribuir para a ampliação das atividades criacionistas no País?

Tendo em vista as oportunidades já disponíveis e os serviços atualmente oferecidos pelas três instituições (NEO, SCB e CPB), o criacionismo poderia já estar bem mais difundido ou ampliado no Brasil. Ou seja, os projetos (em andamento e outros em vista) somente poderão ser desenvolvidos, com sucesso, mediante a efetiva colaboração dos líderes da Igreja (da Divisão Sul-Americana à igreja local) e do real engajamento dos cientistas e professores adventistas.

Fale sobre os projetos que serão levados avante pelo GRI.

Dentre os novos projetos a ser implementados, destaco: intensificar e diversificar a produção de material criacionista (livros, revistas, CDs, DVDs e outros produtos); estimular e facilitar a aquisição desse material, de tal forma que os pré-universitários, universitários, professores e demais interessados adquiram adequada cultura criacionista; incentivar a criação de “pequenos grupos criacionistas” para atuarem no próprio ambiente universitário secular; encorajar pesquisadores universitários para que direcionem seus projetos em áreas promissoras (descobertas favoráveis à cosmovisão criacionista). Evidentemente, os eventos e cursos que visam à divulgação do criacionismo e à capacitação de estudantes e professores serão oferecidos com maior freqüência e abrangerão todo o território brasileiro.

Como o senhor avalia a controvérsia entre o criacionismo e o darwinismo?

Nos últimos treze anos, diretamente envolvido com essa controvérsia, tenho presenciado acontecimentos marcantes. O recente movimento do Design Inteligente ou TDI (que não deve ser, necessariamente, confundido com o criacionismo) tem confrontado o evolucionismo, revelando suas reais inconsistências e fragilidades. A o dedicar mais espaço à controvérsia, a mídia destaca a posição defensiva (muitas vezes, incoerente, agressiva e desrespeitosa) dos adeptos do paradigma evolucionista das origens. Na realidade, os problemas enfrentados por esse paradigma envolvem questões fundamentais e não periféricas. Particularmente, ao participar de eventos em várias universidades públicas, tenho a grata satisfação de sentir, além da boa recepção, o grande interesse de alunos e professores em conhecer a visão criacionista das origens. Essas oportunidades devem ser buscadas com maior freqüência. A cosmovisão criacionista, muito mais abrangente e consistente que a TDI, poderia promover a construção de modelos científicos (sobre temas relacionados com as origens) muito mais elucidativos e coerentes com a realidade dos fatos. Mas, onde estão e o que estão fazendo os cientistas criacionistas?

Por que os adventistas têm especial interesse na defesa do criacionismo, a ponto de manter um instituto de pesquisas científicas?

Para responder sua pergunta, preciso citar um pequeno texto de Ellen White: “Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incide maravilhosa luz da Palavra de Deus. Foi-lhes confiada uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 288). É também do nosso conhecimento que a primeira mensagem angélica nos conclama a adorar o Criador (o Autor do livro da natureza e do Livro dos livros, a Bíblia). Consideremos, ainda, que o criacionismo (em harmonia com Romanos 1:20) pode ser definido como uma associação coerente e sustentável entre o conhecimento bíblico e o conhecimento científico. Desse modo, podemos afirmar que o criacionismo é parte integrante do evangelho eterno (Apocalipse 14:6, 7). Portanto, a manutenção de um instituto de pesquisas em geociências não é apenas importante, mas imprescindível.

Assim, com coragem e determinação, mas com o devido preparo, estratégias adequadas e o amor de Jesus Cristo no coração, devemos atender ao “Ide” (Mc 16:15), como autênticos criacionistas adventistas.