terça-feira, novembro 23, 2010

De olho no darwinismo

Sérgio Mats mora em Caxias, perto de Oeiras, a mais ou menos dez quilômetros de Lisboa, Portugal. Ele é técnico em informática e trabalha há cerca de dez anos na área de instalação de sistemas informáticos. Nas horas livres, mantém o ótimo blog Darwinismo, no qual tece críticas à teoria da evolução e aborda outros assuntos de seu interesse. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Michelson Borges, Sérgio fala um pouco desse seu hobby internético:

Quando e por que resolveu criar um blog de crítica ao darwinismo?

Comecei a pôr textos neste blog há cerca de cinco anos. Se bem me lembro, na época eu lia muito o blog do Bill Dembski e uma das coisas que ele fazia era mostrar os vários blogs sobre Design Inteligente (DI) que iam surgindo por todo o mundo. Comecei aquele blog com a intenção de publicar lá artigos sobre o design inteligente e enviar os posts aos jovens da igreja. No entanto, em 2005 e no ano seguinte, não pus no blog muita coisa.

Em 2007, decidi me dedicar mais ao criacionismo (e não só ao DI) e recomecei a pôr no blog informação relacionada. Em fevereiro de 2008, achei boa ideia abrir também um blog com a mesma temática no Wordpress, como forma de atingir mais pessoas.

Foi também nesse ano que um dos antigos pastores da igreja me deu a excelente ideia de traduzir os textos para o português em vez de enviá-los em inglês para as pessoas da igreja.

E por que nomeá-lo de “Darwinismo”?

Porque queria um nome que pudesse ser facilmente relacionável com a temática dele. Darwinismo pareceu uma boa ideia.

Sua área de atuação é a informática. E seu interesse por ciência e religião, de onde vem?

O interesse por Deus vem desde que eu era criança, uma vez que a religião faz parte da cultura da minha família. Meu pai foi educado como sacristão e minha mãe é filha de um catequista. Desde criança sempre soube que Deus existe, portanto, o interesse por religião sempre esteve presente.

No fim do século passado (em 1999, para ser mais exato), comecei a entrar em canais de discussão muçulmanos e, como consequência, comecei a me envolver em debates teológicos. Durante os dois anos seguintes tive vários e longos (bem longos) debates com muçulmanos de todo o mundo, e isso foi bom na medida em que Deus me ensinou muito sobre a historicidade e confiabilidade da Bíblia. Aprendi o quão firmes são as evidências que suportam a ressurreição do Senhor e aprendi muitos e bons argumentos para a defesa da fé.

Entretanto duas coisas mudaram um pouco minha forma de debater: (1) o 11 de Setembro e (2) o fato de um muçulmano ter violado minha conta do Yahoo (a que eu usava para debater com eles. Por isso - e não só - é que tento não revelar muito de mim na internet).

Quando reparei na forma como os muçulmanos defendiam os muçulmanos que mataram mais de três mil americanos inocentes, afastei-me um pouco deles. O fato de minha conta ter sido quebrada também me deixou um pouco apreensivo, uma vez que suspeito que quem fez isso era alguém com algum poder dentro da Yahoo.

Entretanto, o “bichinho” do debate ficou em mim e provavelmente por isso comecei a entrar em canais de discussão ateus. Quando os ateus começaram a reparar que eu defendia o que os cristãos sempre defenderam, pressionaram-me para dizer se eu também acreditava que o mundo tinha sido feito em seis dias, há cerca de seis mil anos. Na época, eu não sabia quase nada do criacionismo, uma vez que a organização religiosa em que eu havia crescido raramente aborda esse tema. Eu acreditava nos mitológicos “milhões de anos”, mas não estava muito à vontade em defender Adão e Eva como figuras históricas. No entanto, não discutia muito sobre esse tema porque não tinha muitos argumentos para defender a historicidade de Gênesis.

Mas acabei chegando a um ponto além do qual não tinha mais para onde recuar: ou aceitava o que Deus diz ou negava o que Ele diz. Não havia meio termo. Tomando uma posição de fé, resolvi dizer isto a Deus: “Deus, eu não sei como, nem sei quando, mas se a Tua Palavra diz que Tu criaste o universo em seis dias, e que a Terra é recente, então eu vou acreditar até que alguém me mostre que isso é falso.”

Uma coisa espantosa começou a acontecer: depois de eu ter tomado essa posição de fé, Deus começou a Se mover e a colocar na minha vida pessoas e cientistas (como este meu irmão) que demonstravam como a Bíblia e a ciência estão em perfeito acordo. Não há nenhuma observação científica que contradiga os seis dias da criação nem a Terra “jovem”, e isso me foi mostrado várias vezes por várias pessoas em todo o mundo.

Uma coisa que fica disto para mim é: sem fé não só é impossível agradar a Deus, como é impossível entender a Bíblia. Deus só nos abre o entendimento da Sua Palavra quando nós abrimos o coração para ser ensinados. Se nos determinarmos a não aceitar o que Deus diz, Sua Palavra vai ser sempre um “mistério” para nós.

Um dos grandes pontos fracos do darwinismo diz respeito à impossibilidade de surgimento da informação complexa e específica necessária para a existência da vida. Como profissional que lida com informação, o que você diz sobre isso?

Esse, sem dúvida, é dos argumentos mais fortes contra a mitologia da evolução. Pessoas que lidam com sistemas em que basta haver uma pequena falha para danificar o conjunto integral são menos susceptíveis de aceitar a proposição de que a informação codificada presente na biosfera teria origem não inteligente. Mesmo pessoas que não lidam com informática sabem que basta uma palavra ou uma letra fora do lugar para mudar por inteiro o significado de uma frase (ou mesmo destruir todo e qualquer significado que a frase possa ter).

Agora, postular que os variados sistemas de informação presentes atualmente no mundo possuem causas aleatórias é esticar a credulidade para áreas que vão para além da astrologia ou cartomancia.

Informação tem sempre uma causa inteligente, e como há informação nas formas de vida, então, Alguém as criou. Não há alternativa.

Em sua opinião, que outras fragilidades podem ser apontadas no darwinismo?

Basicamente, aquelas que muitos outros já mostraram: a falta de um mecanismo capaz de transformar, por exemplo, um réptil em uma ave, ou um animal terrestre numa baleia; a falta de uma linhagem clara no registro fóssil; e o total fracasso dos modelos naturalistas para a origem da vida.

Essencialmente, a origem de informação é o maior problema para o evolucionismo. Todo o resto gira à volta disso.

A que você atribui o crescimento de iniciativas e campanhas dirigidas pelos neoateus ou ateus militantes, como Richard Dawkins?

Como o ateísmo é uma religião reacionária (só existe como forma de responder às alegações do cristianismo), acho que os neoateus têm-se tornado mais declarados pelo fato de estar havendo um ressurgimento do cristianismo no mundo. As vozes cristãs estão invadindo áreas que os militantes ateus consideravam suas e isso os deixa preocupados. Daí sua ferocidade.

Para você, quais os pontos fortes e fracos do criacionismo?

Os pontos fortes são, sem dúvida, a origem da informação genética e o registro fóssil. A área em que nós cristãos temos que nos debruçar mais é na cosmologia. Hoje em dia, temos excelentes cientistas cristãos que são totalmente antievolucionistas, mas que, no entanto, ainda subscrevem aos mitológicos “milhões de anos” sem se aperceberem de que foram esses “milhões de anos” que serviram de base para o evolucionismo.

Aos poucos, mais e mais blogs de crítica ao darwinismo vão surgindo. A que você atribui esse fenômeno recente?

Ao fracasso científico dos modelos naturalistas e talvez a alguma aversão ao dogmatismo evolucionista. Os evolucionistas têm esticado as respostas evolutivas para áreas que vão para além da ciência e isso pode levar alguns cientistas não cristãos a se insurgirem.

Que livros você estudou para fundamentar sua cosmovisão e os quais você indicaria para os interessados na controvérsia entre criacionismo e evolucionismo?

Dois bons livros são: The Biotic Message, de Walter ReMine, e Evolution: A Theory in Crisis, de Michael Denton.

Um excelente artigo que practicamente resume os argumentos mais fortes contra o mito darwinista é este: “Evidences for macroevolution”. Este também é bom: “Five major evolutionist misconceptions about evolution”.