quarta-feira, maio 12, 2010

A precisão das profecias bíblicas

Rosangela Lira nasceu no dia 23 de dezembro de 1958, em São Paulo. Formou-se no curso de Teologia no antigo Instituto Adventista de Ensino (IAE, hoje Unasp), em 1981. Após a formatura, trabalhou três anos no Centro de Pesquisas Ellen G. White. Em seguida, trabalhou três anos na sede sul-americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Brasília. Desde 1996, tem-se dedicado à tradução da Lição da Escola Sabatina dos Jovens. Sua primeira tradução para a Casa Publicadora Brasileira foi a do livro Projeto Sunlight, e sua mais recente tradução foi a de uma obra de Marvin Moore, sobre as profecias de Apocalipse 13, a ser lançada em breve. Casada com o pastor Elizeu Lira, Rosangela tem um filho de 20 anos chamado Everton. Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, ela fala de uma de suas paixões: as profecias de Daniel:

Por que as profecias de Daniel e, especificamente, as de Daniel 8:14 e 9:24-27 são importantes para os adventistas?

Porque essas profecias tiveram papel importante, não só no movimento milerita da década de 1840, como no surgimento da Igreja Adventista. Elas formam a base da doutrina distintiva da igreja sobre a purificação do santuário celestial.

Você ajudou na preparação do manuscrito do livro Chronological Studies Related to Daniel 8:14 and 9:24-27, de Juarez Rodrigues de Oliveira, publicado em inglês pelo Unasp. Fale resumidamente sobre o conteúdo desse estudo.


O estudo de Juarez parte do pressuposto de que Daniel 8 e Daniel 9 estão correlacionados e que as profecias de ambos os capítulos se iniciam no mesmo ponto – assunto esse já exaustivamente abordado por vários autores no passado. A partir daí, ele prossegue, demonstrando que as datas tradicionalmente sustentadas pela Igreja Adventista como sendo o cumprimento de Daniel 8:14 e 9:24-27 (457 a.C., 31 d.C., 1844 d.C.) têm apoio bíblico, cronológico e astronômico. Ao mesmo tempo, o estudo visa a chamar a atenção para algumas declarações inconsistentes com relação a esses períodos, feitas por alguns autores denominacionais, que tornam a posição da igreja vulnerável a ataques por parte de críticos tanto internos quanto externos.

De que forma a Matemática e a História confirmam a exatidão dessa profecia?

A História, tanto secular quanto bíblica, nos fornece detalhes importantes que nos ajudam no estabelecimento das datas da profecia. Já a matemática nos ajuda a calcular os períodos proféticos com precisão, partindo do meio da septuagésima semana de Daniel 9 – o dia da morte de Cristo – para a fixação das datas (dia, mês e ano) de início e fim dos 2.300 anos. Ou seja, quando se parte da morte de Cristo (o dia da ceia pascoal, isto é, o 15º dia do primeiro mês lunar judaico no ano 31 d.C.), e se volta 69,5 semanas proféticas no passado (486,5 anos ou 177.690,33 dias), chega-se, interessantemente, ao Dia da Expiação, ou o décimo dia do sétimo mês lunar judaico, no ano 457 a.C.; a partir daí, avançam-se 2.300 anos solares, e se chega exatamente ao Dia da Expiação, o décimo dia do sétimo mês lunar judaico, em 1844 d.C. Somente é possível se partir de um Dia da Expiação, que é uma data no mês lunar, se avançar o tempo em anos solares, e se chegar novamente a um Dia da Expiação no mês lunar, porque o período de 2.300 anos é um ciclo astronomicamente perfeito, tendo um número exato de 28.447 lunações (meses lunares).

Então a Astronomia ajuda bastante na elucidação da cronologia profética de Daniel 8 e 9.

Sem dúvida. A astronomia nos ajuda principalmente no estabelecimento preciso das datas do calendário hebreu lunissolar relacionadas aos fatos da profecia. Uma vez que nesse calendário o primeiro dia de cada mês é estabelecido pelo aparecimento do crescente lunar no céu vespertino, a astronomia nos ajuda a calcular o dia mais provável para a visualização desse fenômeno. Para estabelecermos, por exemplo, a data da morte de Cristo em nosso calendário solar, precisamos saber qual foi o primeiro dia do mês lunar judaico, a fim de calcularmos o décimo quarto e o décimo quinto dias desse mês.

Por que podemos dizer que o adventismo surgiu num momento profético?

Porque a base do surgimento desse movimento foi uma profecia – a profecia de Daniel 8:14.

Há quem considere que a Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu no dia 23 de outubro de 1844, quando o pioneiro Hiran Edson caminhava num milharal em Nova York. Você concorda?

Sim, pois o discernimento que Edson obteve naquele dia levou à adoção da posição teológica que serviu de base para o surgimento da IASD – a de que o santuário a ser purificado em Daniel 8:14 era o santuário celestial.

Costumeiramente se diz que Edson havia compreendido os acontecimentos do dia anterior a 23 de outubro. Mas há quem considere que ele teve a visão em “tempo real”. É possível provar isso?

Não diria que é possível provar isso, mas que há indícios que apontam para isso. As palavras de Edson parecem apontar para mais do que um simples discernimento ou compreensão. Ao orar, ele tem a certeza de que receberia luz: “Continuamos em fervorosa oração até que foi dado o testemunho do Espírito de que nossas orações foram aceitas, e de que luz seria dada – nosso desapontamento explicado, esclarecido e resolvido.” Ele assim descreve sua experiência ao sair para fortalecer os irmãos: “Saímos, e ao passarmos através de um grande campo, fui parado mais ou menos na metade do campo. O Céu pareceu se abrir diante de meus olhos...” É interessante que ele não diz: “parei”, mas “fui parado”. Edson não nos diz a que horas teve esse discernimento, ou visão, no dia 23 de outubro; apenas nos diz que foi “após o desjejum.” Porém, é interessante notar que o horário de 7h da manhã, em Port Gibson, onde Edson estava, equivale a 15h em Jerusalém, ou seja, o momento do sacrifício da tarde, com o qual se encerrava o cerimonial do Dia da Expiação. Devemos ter em mente que o término do período profético de 2.300 anos deve ser considerado com base na cidade de Jerusalém, pois o início do período profético também está relacionado a esse local.

Por que Deus estabeleceu os tempos proféticos e tantos detalhes que exigem estudos aprofundados?

Creio que Deus deu as profecias para nos ajudar no preparo para os importantes eventos preditos por elas, e que cada detalhe cumprido fortalece nossa fé na veracidade da Sua Palavra. Cristo insistiu com os discípulos na importância do estudo profético. Referindo-Se a uma das profecias de Daniel, Ele disse: “Quem lê, entenda” (Mt 24:15). Podemos ter certeza de que o estudo das profecias terá a bênção de Deus e será ricamente recompensado.

Quais os principais fatos que confirmam a veracidade dos anos 457 a.C. e 1844 d.C., no contexto da profecia das 2.300 tardes e manhãs?

É com base na fixação da data da morte de Cristo que estabelecemos essas datas, pois ainda permanecem algumas incertezas históricas quanto ao ano de 457 a.C. para a viagem de Esdras. Já o ano de 1844 d.C. é resultante da data inicial da profecia.

Daniel informa que o ministério e a morte de Jesus se constituem no “selo” da visão das 2.300 tardes e manhãs. Como provar, então, que o batismo e a morte de Jesus ocorreram respectivamente nos anos 27 e 31?

Dentro do período possível para a crucifixão (durante o governo de Pilatos, de 26 d.C. a 36 d.C.), a morte de Jesus no dia do sacrifício pascoal (14º dia do mês de Nisã) ou da ceia pascoal (15º dia do mês de Nisã) só poderia ter caído numa sexta-feira nos anos 30, 31 ou 33 d.C. As evidências históricas disponíveis apontam para os anos 26 ou 27 d.C. para o início do ministério de Cristo e para os anos 30 ou 31 d.C. para Sua morte. Astronomicamente, 30 d.C. admite uma sexta-feira como 14 de Nisã, e 31 d.C. admite uma sexta-feira como 15 de Nisã. Uma vez que, segundo os evangelhos sinóticos, Cristo participou da ceia pascoal, a qual ocorria logo após o pôr do sol que marcava o início do dia 15 de Nisã, pode-se concluir, portanto, que Cristo teria morrido pouco antes do pôr do sol que marcava o fim do 15 de Nisã. Há, porém, algumas declarações problemáticas no Evangelho de João. Se, no entanto, buscarmos uma harmonia entre os sinóticos e João, veremos que os problemas existentes no quarto evangelho podem ser satisfatoriamente resolvidos. E se Cristo morreu num dia 15 de Nisã, o único ano possível para Sua morte é 31 d.C.

Por que você acha importante estudar as profecias?

Creio que o estudo das profecias confirma nossa fé. Assim como a parte inicial do período profético das 2.300 tardes e manhãs – as 70 semanas que culminavam com o primeiro advento (Dn 9:24-27) – se cumpriram no tempo preciso, a última parte desse período profético – a purificação do santuário que culminará com o segundo advento – também teve seu cumprimento no tempo certo. Como ao fim da purificação do santuário terrestre o sumo sacerdote saía e abençoava o povo, podemos ter a certeza de que muito em breve, ao fim da purificação do santuário celestial, Cristo virá para abençoar Seu povo com a vida eterna. “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (2Pd 1:19).

quinta-feira, maio 06, 2010

Professor da Unicamp defende design inteligente

O Dr. Marcos Eberlin é presidente da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas e membro da Academia Brasileira de Ciências. Professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e autor de mais de 300 artigos científicos com mais de três mil citações. Realizou pós-doutorado na Purdue University, Estados Unidos, e orientou diversos mestres, doutores e pós-doutores. Nesta entrevista concedida ao jornalista Michelson Borges, o Dr. Eberlin procura desfazer alguns mal-entendidos sobre a Teoria do Design Inteligente, que ele defende:

O que é exatamente a teoria do design inteligente (TDI)?

A TDI é uma teoria científica, defendida por uma comunidade crescente de cientistas gabaritados do mundo todo e de várias áreas, e que procura estabelecer metodologia científica robusta capaz de detectar sinais de inteligência na vida e no universo. Através desses métodos, a TDI reinterpreta todo o arsenal de dados riquíssimos e com detalhamento altíssimo disponíveis hoje sobre o funcionamento da vida e do universo. E a partir dessa análise cuidadosa, sem pré-conceitos, desapaixonada e racional, feita dentro de todo o rigor da metodologia científica que rege as ciências históricas, a TDI conclui, procurando seguir os dados aonde quer que eles levem, que esses dados apontam com muita segurança para uma mente inteligente e consciente como a única causa conhecida, necessária e suficiente para a vida e o universo. Ou seja, o design detectado no universo e na vida não é aparente ou ilusório, mas real e inteligente.

Alguns dizem que a TDI é um tipo de criacionismo. O que o senhor diz?

O criacionismo tem várias vertentes, mas a principal é aquela que assume que um Ser todo-poderoso projetou e criou o universo e a vida. O criacionismo bíblico vai muito mais longe e dá nome e endereço ao Criador; descreve Sua intenção e Seus métodos, e faz muitas outras afirmações que estão muito além da capacidade da Ciência de investigá-las, devido às muitas limitações da metodologia científica. Ou seja, o criacionismo parte de pressuposições filosóficas e teológicas, fecha com essas pressuposições e confere a elas racionalidade quando encontra na natureza e, eventualmente, na Ciência suporte às suas teses.

A TDI, porém, não tem absolutamente nada a ver com teses criacionistas, de qualquer vertente. Nelas não se inspira e não se apoia. A TDI busca, pura e simplesmente, da forma mais honesta possível, escrutinar os dados científicos brutos e interpretá-los corretamente, sem absolutamente nenhum pressuposto, nenhuma predefinição de como ou qual seria a nossa conclusão. Concluímos por uma mente inteligente como causa primeira da vida e do universo pela obrigação que todos os cientistas têm de seguir sempre as evidencias, as informações fornecidas pelas caixas-pretas da vida e do universo, deixando ao máximo nossa subjetividade, naturalista ou teísta, de lado. “Escutamos” o que as moléculas que sustentam a vida têm a nos dizer, o que os “ecos moleculares” ecoam, e nada mais! Os dados, as evidências, as interpretações desapaixonadas, esses são os líderes da TDI, sua regra de prática, sem fé!

Os dados, felizmente para os criacionistas e infelizmente para os naturalistas, aqueles obtidos de forma independente e despreconceituosa, coincidem com o cerne da visão criacionista. Isso é inquestionável. Por causa dessa coincidência, casual, alguns desinformados e outros mal-intencionados, por não gostarem da consequência da conclusão da TDI, tentam “colar” na TDI o rótulo de religião, para assim poder classificá-la (e não refutá-la) como pseudociência, tentando tirar o mérito da TDI não pela força dos argumentos, mas pela semântica subjetiva e efêmera de uma pseudoclassificação. Mas contra fatos não há pseudoargumentação ou gosto que resista! E o reconhecimento da TDI como teoria científica sólida é hoje crescente e inevitável.

O biólogo Henrique Paprocki disse recentemente que “o principal problema do Design Inteligente é montar sua teoria em cima de falhas na Teoria da Evolução”. O que você acha dessa declaração?

O Henrique, eu sei, conhece pouco sobre as teses e fundamentos da TDI, e por isso fez essa afirmação equivocada. Mas estou certo de que o que ele viu e ouviu durante o 3º Simpósio Darwinismo Hoje, no Mackenzie, o fará rever sua afirmação. A TDI se baseia em argumentos que, independentemente da existência de teorias concorrentes, apontam para uma mente inteligente como a única causa conhecida, necessária e suficiente da vida e do universo. Ou seja, é pelo nosso conhecimento, hoje muitíssimo amplo, de como a vida e o universo funcionam, que concluímos que a TDI é a melhor teoria sobre nossas origens. Porém, como há uma teoria alternativa, a teoria da evolução, temos por obrigação, e não opção, de examinar a fundo suas teses. E quando essa análise obrigatória é feita, sem o filtro naturalista, vemos claramente não somente falhas, mas sim a absoluta impossibilidade de que a vida e o universo possam ter sido fruto de processos naturais não guiados. Não são lacunas, falhas, mas sim, na realidade, verdadeiros “abismos” nos quais não há explicação convincente. É como dizer que chegamos à Lua pedalando, que lançamos o primeiro astronauta dentro de um barril (e que ele sobreviveu para contar os problemas enfrentados).

Na evolução química, por exemplo, elo fundamental do modelo evolucionista, percebemos a absoluta impossibilidade, chance zero mesmo, do acaso, da pré-destinação, da pseudo-seleção natural pré-biótica, ou da necessidade, ou qualquer combinação desses fatores, de ter criado o L.U.C.A., a primeira forma de vida, com todos os requisitos necessários para a manutenção e reprodução desse “ser nada rudimentar”. Ou seja, na comparação de duas alternativas, vemos uma coleção enorme de dados seguros e inquestionáveis apontando para a ação de uma mente inteligente e consciente. Por outro lado, vemos uma coleção enorme e crescente de “abismos” de impossibilidades e de uma fé cega na geração espontânea e na elaboração de explicações futuras que simplesmente teimam em não aparecer, enquanto os abismos se avolumam e se expandem.

Há quem argumente que a seleção natural favorece certos organismos, pois, na presença de antibióticos, as bactérias resistentes tendem a ser favorecidas. O que dizer disso? Isso prova a evolução?

A resistência de bactérias e vírus às drogas tem sido propagada com muito alarde pelos evolucionistas como prova da evolução. “Evolution in action”, dizem, em alta voz! Mas será que o discurso tem correspondido aos fatos? Será que é mais propaganda do que produto? Gato por lebre? A vida tem, sim, a capacidade de se diversificar, ninguém nega isso, este é o ponto que nos une. Mas tudo indica que essa capacidade de diversificação já está programada em nossos genes e outros registros de informação. E quando isso acontece, informação é gasta, diminui. Ou seja, na vida também “não há lanche grátis”! Vírus ou bactérias, quando adquirem resistência às drogas, o fazem à custa de informação, à custa de perda de informação genética. Geralmente desativam proteínas ou os mecanismos pelos quais as drogas os estavam atacando. Estratégia de guerra, e guerra de trincheira! Nenhuma nova proteína, nenhuma síntese “de novo” é produzida. Nenhum novo ciclo, nenhuma nova máquina molecular. A vida é, sim, flexível, adaptável, mas como sabemos, há sempre um preço a ser pago, e a moeda da vida é a informação.

Paprocki também disse que “Design Inteligente é ter fé, é crer. Ciência é evidência”. É assim mesmo?

A TDI é racionalidade pura, e emana do conhecimento e de fatos, de argumentos lógicos, suportados pela matemática, pela física, química, bioquímica e biologia, pela cosmologia, pela Ciência como um todo. Conheço muito bem a TDI, e nunca encontrei na teoria sequer um único vestígio de fé. Nenhum postulado que assuma qualquer princípio que não sejam aqueles sustentados no que conhecemos, em causas necessárias e suficientes para a complexidade irredutível, para a informação aperiódica funcional e para a antevidência genial que observamos em milhares e milhares de exemplos fornecidos pela vida e pelo universo.

A Ciência é evidência, sim, e a TDI é Ciência em sua essência. Mas a ciência naturalista que apoia e defende a evolução cega e não guiada, produto do tempo e mutações refinadas pela seleção natural, e que defende essa tese dentro das amarras do naturalismo filosófico, e com seus pré-conceitos que dizem quais as conclusões a que devemos chegar, esta, sim, precisa ter fé, e muita. Fé no tempo, fé na geração espontânea do L.U.C.A., fé em “lanche grátis”; fé na infusão extraordinária e “repentina” de informação na Explosão Cambriana; fé em que um dia os elos perdidos serão encontrados; fé no “mundo do RNA”; fé que as suas próprias equações matemáticas que mostram a inviabilidade de seus processos estejam elas mesmas erradas; fé que um dia explicações possam surgir, mesmo quando elas simplesmente parecem não existir. Fé, e um tipo de fé muito ruim, do tipo que eu me nego a ter! Fé sem fundamentos firmes; fé sem provas nas explicações que estão por vir.

A química, sua área de estudos, revela o design inteligente?

Muitos usam comparações morfológicas, comparam bicos de passarinhos, ossos, embriões, cores de asas de mariposas. Mas é através da química, em nível molecular, que entendemos mesmo como a vida e o universo funcionam. É através da Química que aprendemos a “língua” das moléculas e podemos assim traduzir corretamente os ecos moleculares, os quais transmitem os segredos de nossa existência. É através da Química que percebemos que a vida não é coisa de amador, não! Vida é coisa de profissional! E profissional gabaritado, especializado! Que orquestrou os diversos códigos e a informação zipada, encriptada e compartimentalizada do DNA, tipo hard-disk. A arquitetura top-down algorítmica da vida, sua lógica estonteante e hiperotimizada. E elaborou o código de especialização celular das histonas, baseado em reações químicas ultrassincronizadas e ajustadas. E elaborou os planos corporais que nem sequer sabemos onde e como estão armazenados.

Li uma vez que a “evolução espera que não saibamos química”. Mas por quê? Porque as moléculas falam e não mentem! E as moléculas da vida transmitem uma informação clara que derruba qualquer discurso fundamentado em oratória ou comparações superficiais, em sínteses alfabéticas de letras mitológicas tipo C → B → A catalisadas por cat1 e cat2. É quando perguntamos quem seriam A e B e os tais cat1 e cat2, que a explicação se desvanece. Porque em nível molecular a evolução simplesmente não fecha as contas, se mostra inviável, e é ao nível molecular que observamos, ainda mais claramente, as assinaturas da mente inteligente e consciente que, como causa primeira, orquestrou a vida e o universo.

Leia também: “Assinatura química do Criador”

quarta-feira, maio 05, 2010

Amor à Bíblia

Erlo Germano Köhler nasceu na cidade de Taquara, RS, em 17 de abril de 1945. Formado em Teologia pelo IAE (hoje Unasp), trabalhou com artes gráficas e fotografia na Casa Publicadora Brasileira. Aposentado, ele pode se dedicar ainda mais a dois de seus passatempos preferidos: montar pipas sofisticadas e colecionar Bíblias. O interesse pela Bíblia vem da infância – assim que aprendeu a ler, Erlo ganhou um exemplar de capa preta das Escrituras Sagradas. Ele leu a Bíblia toda pelo menos sete vezes, em português, e em alemão (com letras góticas) duas vezes. Seu texto bíblico predileto é Jó 42:5: “Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te veem.” Casado com Ester de Castro Lobo Köhler, tem uma filha chamada Adriana. Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, Erlo fala mais de sua paixão pelo Livro Sagrado e do que tem feito para divulgar a Palavra de Deus:

O que mais o surpreende na Palavra de Deus?

Quanto mais leio a Bíblia, mais a compreendo. Textos que já se conhece há muito tempo tornam-se mais claros com a leitura frequente. Mas, o que realmente me surpreende, é o poder transformador da Palavra de Deus. Pessoa alguma que leia a Bíblia, sem reservas, será a mesma depois. Ela será melhor. Isso é um milagre divino que só esse Livro é capaz de realizar.

Mencione algum benefício adicional da leitura da Bíblia.

Se você lê a Bíblia e permite que o Espírito de Deus aja em você, seu orgulho, egoísmo, altivez, mesquinhez serão quebrados e o caráter de Deus será refletido em sua vida. Se você não lê a Bíblia, sua vida refletirá toda maldade normal do ser humano. Em resumo: ler a Bíblia nos aproxima de Deus e do próximo.

Pode mencionar também algum exemplo de transformação pela leitura do Livro Sagrado?

A história que vou contar aconteceu com Doneshor Tripura, no sudeste de Blangadesh. Doneshor apascentava a manada de búfalos de seu pai às margens do rio Chengui. Era um dia muito quente, por isso, ele resolveu dar um mergulho no rio. Ao chegar ao meio do rio, notou algo curioso que flutuava em sua direção. Ao chegar mais perto, viu que era um livro. Examinando melhor, no dorso do livro, estava escrito Pobitro Baibel (Bíblia Sagrada). Em sua casa, todos eram seguidores do hinduísmo. Todas as manhãs e tardes, a família se reunia para rezar e colocar oferendas de alimento no altar, e duas vezes por mês jejuava.

Doneshor já tinha ouvido falar do livro sagrado dos cristãos, embora jamais tivesse visto um. Seus pais sempre lhe infundiram profundo respeito ao sagrado. Assim, ao retirar a Bíblia da água, cuidadosamente a colocou para secar durante três dias. Depois começou a lê-la. As primeiras páginas lhe falaram de um Deus Criador. No Guita, um dos livros sagrados do hinduísmo, também é apresentado esse conceito. Depois ele leu sobre a criação de Adão e Eva. O Guita fala dos primeiros seres humanos, que provavelmente se tratavam dos mesmos indivíduos, mas com outros nomes. Leu ainda nas páginas do Gênesis sobre o início do pecado entre os seres humanos e o desejo de Deus em perdoá-los.

Durante um ano, Doneshor tentou comparar o Guita com a Bíblia, mas interrompeu a tarefa porque acabou descobrindo que esses livros não podem ser comparados. Ele finalmente compreendeu que algum dia deveria entrar para uma religião cristã. Saiu de casa para estudar na universidade e se esqueceu da Bíblia durante cinco anos.

Formado, voltou para sua vila de origem. Certo dia, Doneshor estava fazendo compras no supermercado local e encontrou um antigo colega de colégio, que havia se tornado cristão. Isso o deixou muito feliz e curioso. Ele contou ao colega sobre a Bíblia que havia achado no rio anos antes. Depois de conversarem um pouco, o amigo cristão convidou Doneshor para assistir a reuniões na Igreja Adventista do Sétimo Dia, a 50 quilômetros de distância. Doneshor foi e gostou.

Doneshor estava tão feliz com o conhecimento da Bíblia que começou a contar para seus amigos da vila o que Cristo estava fazendo em sua vida. Eles também foram assistir as reuniões.

Passado um ano, Doneshor pediu ao pastor que o batizasse. Como não havia tanque batismal na igreja, o batismo seria no rio Chengui. Isso o emocionou muito porque ele selaria seu pacto com Deus no mesmo rio que lhe trouxe a Bíblia e onde tudo começou.

Doneshor foi batizado no dia 13 de novembro de 2002, ele e mais sete companheiros da aldeia que ele havia convidado para estudar a Bíblia.

Por que a Bíblia é o livro mais difundido e lido do mundo?

Porque é o livro dos milagres! O milagre da sua formação – são 66 livros, 40 autores de profissões diferentes, escrito num período de 1.600 anos. Mas há na Bíblia um só plano, uma só unidade e um só autor divino guiando os humanos. O milagre da sobrevivência – tudo foi escrito sobre papiro e pergaminho, materiais frágeis. O milagre das traduções – num mundo com mais de 6 mil línguas e dialetos, podemos afirmar que 99% da população mundial pode ler a Bíblia em sua própria língua. O milagre do interesse – a Bíblia e sua mensagem são facilmente entendidas pelas pessoas de qualquer idade e nível intelectual. A Bíblia fascina as pessoas. O milagre da idade – já se passaram mais de 3.500 anos desde que Moisés e os demais autores escreveram. Nenhum outro livro foi tão picado, fatiado, peneirado, devassado, investigado, criticado e perseguido durante séculos, mas sobreviveu. A Bíblia continua amada e estudada e lida por milhões de pessoas. O milagre de vendas – é o livro mais traduzido, mais impresso, mais vendido e mais lido. O milagre da transformação – a principal razão porque creio que a Bíblia é a Palavra de Deus é por causa do seu poder transformador. Ela analisa nossas características pessoais e dá a convicção do pecado. Não importa quantas evidências da credibilidade da Bíblia sejam acumuladas, ainda assim, Cristo deve ser aceito pela fé, que é a porta para a vida eterna.

Como começou sua coleção de Bíblias?

Sempre gostei de colecionar coisas. Um dia cheguei à conclusão de que deveria colecionar algo que pudesse dividir com os outros, então veio a ideia de colecionar Bíblias. Isso foi em 1972. Assim que tivesse certo número, faria a primeira exposição, incentivando as pessoas a lerem a Bíblia e a confiarem no Deus da Bíblia.

Hoje tenho 1.603 Bíblias em meu acervo. A mais antiga é do ano 1669. A mais curiosa é uma Bíblia chamada de “Siga a Bíblia”, de sete quilos, que tem 46 centímetros de comprimento e 32 de largura. Cada livro da Bíblia está traduzido em uma língua diferente. Portanto, é uma Bíblia em 66 línguas diferentes.

Outra Bíblia de importância é a “Bíblia Citações”, ilustrada com 979 pinturas, por Carlos Araújo. Esse trabalho foi iniciado em 1992 e concluído em 2007. A Bíblia pesa nove quilos.

Existe uma porção da Bíblia que mede 3,5 x 3,5 mm, impressa em sistema tipográfico. Cada página tem um “Pai Nosso” em uma língua diferente.

Você também coleciona Bíblias de personagens de destaque da Igreja Adventista.

Sim. Esses personagens mantiveram comunhão com Deus por meio da leitura da Bíblia e se prepararam para servir ao próximo. Espero que ao serem vistas em exposições, essas Bíblia sirvam como incentivo de leitura, à exemplo do que os pioneiros fizeram.

Tenho a Bíblia do Pr. Emanuel Kümpel, do Dr. Galdino Nunes Vieira, Pr. Hermínio Sarli, Pr. Jerônimo Garcia, Pr. Alcides Campolongo, Pr. Wilson Sarli, Pr. Leo Ranzolin, Carlos Trezza, Heber Pintos, Pr. Rubens Lessa, Pr. José Bessa, Pr. Ivo Souza, e tantos outros.

Como funcionam as exposições?

Fazemos três tipos de exposições em relação ao volume de material exposto:
pequenas – são aquelas que montamos de forma rápida, fazemos uma palestra ou entrevista com uso de PowerPoint, e alguma interação com o público com duração de uma hora a uma hora e meia. Após a reunião o público visita a exposição que está dentro do mesmo recinto. Médias – são aquelas montadas em escolas fundamentais e de ensino médio. Nesse caso, a visitação geralmente é feita por classe e as explicações podem ser mais detalhadas, os alunos podem participar mais. Grandes – são exposições para grandes eventos, nos quais o número de visitantes ultrapassa quatro a cinco mil pessoas. Por exemplo: em universidades, camporis de desbravadores, etc.

Em todas as exposições, dispomos o material sobre mesas em forma de blocos definidos por assuntos. É feita uma separação visual e cada bloco recebe um título. Hoje dividimos todo o material em 33 assuntos diferentes. Por exemplo: Bíblias em Línguas Diferentes, Bíblias Antigas, Bíblias Para Deficientes Visuais, Bíblias Infantis, Bíblias Para Jovens, Bíblias Para Adolescentes, Curiosidades Bíblicas, Bíblias de Luxo, Perfumes Citados na Bíblia (são 15 que podem ser cheirados), etc.

Nas exposições grandes, levamos o material completo e ainda 12 painéis com 24 faces, nos quais contamos, por meio de documentos, a história da escrita; a história de Moisés, que começou a escrever a Bíblia; reprodução de documentos de como era feita a cópia manual da Bíblia através dos séculos, até chegar em 1450 d.C., com o uso da imprensa por Gutenberg e como isso se desenvolveu depois com as traduções. Também nesses painéis apresentamos, entre outras coisas, em forma de fotos, as ruínas das sete cidades do Apocalipse e fotos da Palestina bíblica.

Qual a reação das pessoas que visitam as exposições?

A maioria expressa sentimentos favoráveis com o que vê. Cada um vê e reage de formas diferentes ao ver uma mesma coisa. Mas é unanimidade a reação de admiração com o número de línguas em que a Bíblia esta traduzida e que todos podem ler a Bíblia em sua própria língua, a existência de uma Bíblia para cada gosto e o acesso fácil para quem quiser adquirir uma.

Um conselho para quem tem e quem não tem vontade de ler a Bíblia.

O único conselho que posso dar para quem não costuma ler a Bíblia é leia a Bíblia. Mesmo que tenha preconceito contra a Palavra de Deus, mesmo que nunca a tenha lido, mesmo que não tenha vontade de fazê-lo, leia a Bíblia e verá o que vai acontecer.

Para quem tem vontade, mas não consegue, peça a Deus que o ajude e Ele irá atendê-lo. Comece lendo apenas cinco minutos diários, tendo como meta chegar a 15. Comece a leitura pelos Evangelhos e Salmos. Escolha a melhor hora do dia. Escolha aqueles momentos do dia em que a mente está descansada e que ninguém o interrompa. O prazer da leitura da Bíblia virá com o tempo.


Contato para exposições e doações:

Erlo Germano Köhler e Ester de Castro Lobo Köhler
Fones (15) 3251-5596 e (15) 9789-0631
kohlers@ig.com.br
Caixa Postal 257 – Tatuí, SP

Se você tiver uma Bíblia em casa, que não esteja usando, e que seja diferente, como por exemplo: numa língua não comum, uma Bíblia antiga, um formato ou tamanho fora do comum, etc., faça contato conosco. Sua Bíblia ainda poderá ser útil e ajudar a despertar muitas pessoas para a leitura da Palavra de Deus.