Ciro Alfredo Pereira Gonçalves nasceu em março de 1971, em Alegrete, RS. Técnico em Enfermagem, trabalhou por dez anos na área de saúde no Brasil (nos hospitais da PUC, do Serviço Militar e da Beneficência Portuguesa). Neusa Arlete Kielbovicz Gonçalves, também é gaúcha, de Porto Alegre, e nasceu em março de 1963. É obreira bíblica e pedagoga, tendo trabalhado 14 anos como professora, orientadora educacional e diretora de escolas adventistas no Brasil.
Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, eles contam por que decidiram deixar o emprego no Brasil e trabalhar como missionários em Guiné-bissau, na África.
Quando e como surgiu a idéia de serem missionários em outro país?
Desde que me tornei adventista [Neusa] com 18 anos, acalentei dentro do meu coração o desejo de ser missionária, mas nunca antes havia tido oportunidade de realizar esse sonho. Minha vida tomou outros rumos e deixei a idéia de lado. Em 2001, o desejo de ser missionária reacendeu e passei três anos tentando incutir na mente do meu marido a importância de ser missionário. Por fim, em 2004, ele estava cansado de seu trabalho como auxiliar de enfermagem. Ele trabalhava dois sábados por mês e não estava contente com isso. Por isso, sentiu-se animado a ser missionário comigo, pois desejava mudar de vida também.
Em fevereiro de 2004, fomos para Guiné-bissau, na África Ocidental.
Por que escolheram Guiné-bissau?
Não escolhemos. Oramos muito para que Deus nos dirigisse. Escrevi para muitos paises, muitas Associações, Uniões, Missões e para a Adra, principalmente. Finalmente, Nigéria e Guine-bissau nos responderam positivamente. Como na Nigéria seria necessário o Inglês, ficamos um pouco aflitos, mas nada nos faria voltar atrás, mesmo que tivéssemos que melhorar nosso Inglês rapidamente.
Decidimos que o primeiro país que nos desse sinal verde seria para lá que iríamos. Guiné-bissau nos confirmou, em dezembro de 2003. E após a confirmação com a União da África Ocidental, dissemos “sim”.
Falem um pouco sobre o país, seus costumes, religião, hábitos, economia, povo, etc.
Guiné-bissau tem 1,5 milhão de habitantes (o último censo foi um 2002). É um país formado por 39% de muçulmanos, 49% animistas e 11% cristãos. Animismo é a religião dos africanos, e tem que ver com feitiçaria.
O clima é tropical úmido; a vegetação está muito comprometida, pois o cultivo de Caju tem tomado todo o espaço do país (Guiné-bissau é o quarto maior país produtor de castanha de caju).
O idioma oficial é o Português, mas o dialeto mais falado (mais até que o Português) se chama Criolo.
O custo de vida é muito alto, por isso a alimentação básica do povo é arroz com molho (que eles chamam de “mafé”). Por vezes, colocam peixe grelhado.
Não há indústrias, nem fabricas. O povo trabalha no comércio, principalmente o comercio informal. O país é considerado instável política e economicamente.
Guiné-bissau teve sua independência de Portugal em 1974, depois de 11 anos de luta. Em 1998, tiveram uma guerra interna que durou 11 meses, durante a qual houve um golpe de Estado. Ainda hoje se vêem prédios destruídos e carros de guerra nas estradas. O povo continua traumatizado com a última guerra.
Como vocês se prepararam para ser missionários? Quais as principais qualificações para se ser missionário em outra cultura?
A preparação maior é o chamado que sentimos no coração de sermos úteis à causa de Deus, seja onde for. Qualificações? Desejar deixar-se ser usado por Deus, independentemente de onde e como for; ter paciência e muito amor para aguardar os resultados visíveis e invisíveis pela fé; não desejar mudar a cultura de ninguém, mas ajudá-los a saber distinguir o que é bom ou não em sua cultura, mostrando o desejo de Deus para nós do jeito que somos.
O que vocês faziam lá?
Fomos com trabalhos definidos. Eu [Ciro] fui diretor de Jovens e Desbravadores. Trabalhei durante dois anos orientando e ajudando nesse departamento. Em 2006, fui convidado a trabalhar na Adra como supervisor. A Adra Guiné-bissau recebe leite enriquecido da Adra Suíça. O leite é distribuído por meio dos Centros de Saúde para crianças desnutridas e mulheres gestantes ou que amamentam.
Eu [Neusa] fui para trabalhar com a Adra como conselheira pedagógica num projeto de assistência aos refugiados em parceria com as Nações Unidas. Em 2005, pedi para sair do projeto da Adra para poder trabalhar com a escola adventista, pois desejava ajudar a escola antes de voltar ao Brasil.
Nossos planos eram de voltar ao Brasil no fim de 2005, mas fomos convidados a continuar por mais tempo, e pediram que eu coordenasse, em 2006, o Projeto Adra-Refugiados (o mesmo projeto do qual fui coordenadora pedagógica). O projeto dá assistência aos refugiados políticos ou de guerras dos paises vizinhos, o que inclui assistência médica, educacional, psicológica, além de ajuda na agricultura com microcréditos. Trabalhei no projeto até voltarmos para o Brasil, neste ano.
Como é a igreja adventista lá? E os adventistas?
A igreja adventista conta com cerca de 1,5 mil membros em todo o país. Temos duas igrejas organizadas e mais de dez grupos. Na capital, temos apenas uma igreja com seis grupos. Há também seis escolas adventistas com cerca de 2,5 mil alunos em situação precária.
Os adventistas lutam contra os hábitos da família sobre as cerimônias. Muitos são pressionados para participar nessas cerimônias. Há jovens que muitas vezes passam dias sem comer, pois a família prepara peixes de couro propositalmente, para ver se os adventistas serão fiéis. Alguns são expulsos de casa por causa da fé.
Que cerimônias são essas?
Alguns exemplos: quando alguém da família ou amigo da família morre, é necessário levar animais para matar a fim de “garantir” a alma do morto. Eles também participam de festas de bebedeiras e comilanças durante o período (às vezes semanas) do funeral. Há também o “fanado”, que é a circuncisão masculina e feminina, que são feitas no mato durante muitos dias, ou até meses, sem a presença da família. Ali os jovens aprendem sobre feitiçarias e rituais que não podem falar para ninguém. Sem higiene, muitos morrem durante o fanado. Outros rituais de certas etnias envolvem comer carnes imundas, como a de cachorro.
Contem duas experiências marcantes que viveram como missionários.
Organizamos um primeiro acampamento com os jovens numa ilha chamada Galinhas. Foi um grupo de jovens muito animado. Para chegar nessa ilha, precisávamos ir de canoa durante duas horas de viagem. Realmente esse país dá muito trabalho para os anjos, pois eles devem se ocupar muito com pessoas que viajam e vivem sem proteção ou segurança alguma. A canoa não era segura. Era feita de madeira e entrava água pelos buracos. Além disso, não havia coletes salva-vidas.
Na ida foi tudo muito bom. E na ilha tivemos dias agradáveis. O problema foi a volta, quando passamos por uma experiência que, segundo o pastor da Igreja Central, ele jamais vivera (isso que ele é um homem experimentado nas águas de Guiné-bissau).
Os marons (ondas) começaram a se agitar e aumentavam cada vez mais. O pavor foi tomando conta de todos que estavam na canoa. Os jovens cantavam cada vez mais alto hinos de louvor a Deus esperando Sua ajuda. Todos começaram a ficar assustados. Os animais (porcos, galinhas, etc.) gritavam. Mesmo o pastor disse que pensava que não sairiam daquela tempestade com vida.
Eu [Ciro] também estava com medo, pois via a cidade ao longe, mas parecia impossível alcançá-la. Por fim, com a experiência do capitão do barco e certamente com a ajuda de Deus, conseguimos chegar ao porto. Todos muito assustados.
Outra história que nos marcou tem que ver com um jovem chamado Afonso. Hoje ele tem 17 anos e foi batizado há quatro anos na Igreja Adventista. Ele era feiticeiro desde os oito anos de idade. Fazia cerimônias para que as mulheres ficassem grávidas. Ele era muito sincero. Acreditava que o Iran (diabo) era bom e por isso pedia as coisas para ele. As mulheres realmente ficavam grávidas e, por isso, Afonso gozava de muito respeito na aldeia, apesar de se locomover arrastando-se pelo chão, devido à paralisia infantil.
Um dia, o pastor Herculano foi fazer evangelismo na ilha das Galinhas e levou um filme sobre a vida e morte de Jesus. Afonso assistiu ao filme. Ficou impressionado por nunca antes ter ouvido falar de Jesus e surpreso em saber que havia alguém que morrera por ele.
Afonso chorou durante todo o filme e a partir dali aprendeu que não devia mais fazer cerimônias para o Iran.
Contra a vontade da família, ele deixou de ser feiticeiro e passou a pregar o amor de Jesus. Hoje ele estuda na 7ª serie, na capital, sustentado pelos irmãos da igreja. É uma benção para a igreja.
Qual a principal lição que aprenderam da vida como missionários?
Primeiro: Deus é amor. Ele ama a todos e tem muita paciência com a ignorância humana. Segundo: Deus cuida de Suas criaturas, estejam onde estiverem, mesmo em meio a total insegurança. Eu [Neusa] costumava dizer a eles que os anjos tinham muito trabalho com os africanos e que muitos anjos deveriam estar ocupados com eles, pois vivem 24 horas pela misericórdia de Deus. Sem recursos e sem meios, Deus é a única solução. Mesmo no chamado Primeiro Mundo, sabemos que Deus é a única solução. Mas, infelizmente, por causa dos recursos que muitos têm, acabam buscando soluções em outras fontes e não em Deus. Lá onde servimos como missionários, as pessoas aprendem a depender única e exclusivamente de Deus.
O que diriam para alguém que pensa ser missionário?
Em todos os lugares podemos ser missionários. Ser missionário é ter a coragem e a vontade de ser instrumento de Deus onde estamos e aproveitar cada oportunidade. Mas é claro que, em se tratando de ser missionários em paises como a África, carentes e muito desafiadores, diríamos que se você tem um sonho com o qual possa louvar a Deus, vá em frente.
Desafios são excelentes para nos ensinar a depender mais do Senhor, aprender muitas coisas, crescer profissional e intelectualmente também.
Esteja disposto a abrir mão de seus caprichos e conforto, não pensando em mudar alguém, mas disposto a sensibilizar as pessoas de outra cultura a desejarem mudanças naquilo que vai contra os princípios divinos.
Finalmente, é preciso muito amor, paciência, tolerância, altruísmo e dar sem esperar retorno. O retorno virá talvez não imediatamente, mas é preciso ter paciência para vê-lo surgir. E é preciso muita humildade diante de Deus e dos homens.
Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, eles contam por que decidiram deixar o emprego no Brasil e trabalhar como missionários em Guiné-bissau, na África.
Quando e como surgiu a idéia de serem missionários em outro país?
Desde que me tornei adventista [Neusa] com 18 anos, acalentei dentro do meu coração o desejo de ser missionária, mas nunca antes havia tido oportunidade de realizar esse sonho. Minha vida tomou outros rumos e deixei a idéia de lado. Em 2001, o desejo de ser missionária reacendeu e passei três anos tentando incutir na mente do meu marido a importância de ser missionário. Por fim, em 2004, ele estava cansado de seu trabalho como auxiliar de enfermagem. Ele trabalhava dois sábados por mês e não estava contente com isso. Por isso, sentiu-se animado a ser missionário comigo, pois desejava mudar de vida também.
Em fevereiro de 2004, fomos para Guiné-bissau, na África Ocidental.
Por que escolheram Guiné-bissau?
Não escolhemos. Oramos muito para que Deus nos dirigisse. Escrevi para muitos paises, muitas Associações, Uniões, Missões e para a Adra, principalmente. Finalmente, Nigéria e Guine-bissau nos responderam positivamente. Como na Nigéria seria necessário o Inglês, ficamos um pouco aflitos, mas nada nos faria voltar atrás, mesmo que tivéssemos que melhorar nosso Inglês rapidamente.
Decidimos que o primeiro país que nos desse sinal verde seria para lá que iríamos. Guiné-bissau nos confirmou, em dezembro de 2003. E após a confirmação com a União da África Ocidental, dissemos “sim”.
Falem um pouco sobre o país, seus costumes, religião, hábitos, economia, povo, etc.
Guiné-bissau tem 1,5 milhão de habitantes (o último censo foi um 2002). É um país formado por 39% de muçulmanos, 49% animistas e 11% cristãos. Animismo é a religião dos africanos, e tem que ver com feitiçaria.
O clima é tropical úmido; a vegetação está muito comprometida, pois o cultivo de Caju tem tomado todo o espaço do país (Guiné-bissau é o quarto maior país produtor de castanha de caju).
O idioma oficial é o Português, mas o dialeto mais falado (mais até que o Português) se chama Criolo.
O custo de vida é muito alto, por isso a alimentação básica do povo é arroz com molho (que eles chamam de “mafé”). Por vezes, colocam peixe grelhado.
Não há indústrias, nem fabricas. O povo trabalha no comércio, principalmente o comercio informal. O país é considerado instável política e economicamente.
Guiné-bissau teve sua independência de Portugal em 1974, depois de 11 anos de luta. Em 1998, tiveram uma guerra interna que durou 11 meses, durante a qual houve um golpe de Estado. Ainda hoje se vêem prédios destruídos e carros de guerra nas estradas. O povo continua traumatizado com a última guerra.
Como vocês se prepararam para ser missionários? Quais as principais qualificações para se ser missionário em outra cultura?
A preparação maior é o chamado que sentimos no coração de sermos úteis à causa de Deus, seja onde for. Qualificações? Desejar deixar-se ser usado por Deus, independentemente de onde e como for; ter paciência e muito amor para aguardar os resultados visíveis e invisíveis pela fé; não desejar mudar a cultura de ninguém, mas ajudá-los a saber distinguir o que é bom ou não em sua cultura, mostrando o desejo de Deus para nós do jeito que somos.
O que vocês faziam lá?
Fomos com trabalhos definidos. Eu [Ciro] fui diretor de Jovens e Desbravadores. Trabalhei durante dois anos orientando e ajudando nesse departamento. Em 2006, fui convidado a trabalhar na Adra como supervisor. A Adra Guiné-bissau recebe leite enriquecido da Adra Suíça. O leite é distribuído por meio dos Centros de Saúde para crianças desnutridas e mulheres gestantes ou que amamentam.
Eu [Neusa] fui para trabalhar com a Adra como conselheira pedagógica num projeto de assistência aos refugiados em parceria com as Nações Unidas. Em 2005, pedi para sair do projeto da Adra para poder trabalhar com a escola adventista, pois desejava ajudar a escola antes de voltar ao Brasil.
Nossos planos eram de voltar ao Brasil no fim de 2005, mas fomos convidados a continuar por mais tempo, e pediram que eu coordenasse, em 2006, o Projeto Adra-Refugiados (o mesmo projeto do qual fui coordenadora pedagógica). O projeto dá assistência aos refugiados políticos ou de guerras dos paises vizinhos, o que inclui assistência médica, educacional, psicológica, além de ajuda na agricultura com microcréditos. Trabalhei no projeto até voltarmos para o Brasil, neste ano.
Como é a igreja adventista lá? E os adventistas?
A igreja adventista conta com cerca de 1,5 mil membros em todo o país. Temos duas igrejas organizadas e mais de dez grupos. Na capital, temos apenas uma igreja com seis grupos. Há também seis escolas adventistas com cerca de 2,5 mil alunos em situação precária.
Os adventistas lutam contra os hábitos da família sobre as cerimônias. Muitos são pressionados para participar nessas cerimônias. Há jovens que muitas vezes passam dias sem comer, pois a família prepara peixes de couro propositalmente, para ver se os adventistas serão fiéis. Alguns são expulsos de casa por causa da fé.
Que cerimônias são essas?
Alguns exemplos: quando alguém da família ou amigo da família morre, é necessário levar animais para matar a fim de “garantir” a alma do morto. Eles também participam de festas de bebedeiras e comilanças durante o período (às vezes semanas) do funeral. Há também o “fanado”, que é a circuncisão masculina e feminina, que são feitas no mato durante muitos dias, ou até meses, sem a presença da família. Ali os jovens aprendem sobre feitiçarias e rituais que não podem falar para ninguém. Sem higiene, muitos morrem durante o fanado. Outros rituais de certas etnias envolvem comer carnes imundas, como a de cachorro.
Contem duas experiências marcantes que viveram como missionários.
Organizamos um primeiro acampamento com os jovens numa ilha chamada Galinhas. Foi um grupo de jovens muito animado. Para chegar nessa ilha, precisávamos ir de canoa durante duas horas de viagem. Realmente esse país dá muito trabalho para os anjos, pois eles devem se ocupar muito com pessoas que viajam e vivem sem proteção ou segurança alguma. A canoa não era segura. Era feita de madeira e entrava água pelos buracos. Além disso, não havia coletes salva-vidas.
Na ida foi tudo muito bom. E na ilha tivemos dias agradáveis. O problema foi a volta, quando passamos por uma experiência que, segundo o pastor da Igreja Central, ele jamais vivera (isso que ele é um homem experimentado nas águas de Guiné-bissau).
Os marons (ondas) começaram a se agitar e aumentavam cada vez mais. O pavor foi tomando conta de todos que estavam na canoa. Os jovens cantavam cada vez mais alto hinos de louvor a Deus esperando Sua ajuda. Todos começaram a ficar assustados. Os animais (porcos, galinhas, etc.) gritavam. Mesmo o pastor disse que pensava que não sairiam daquela tempestade com vida.
Eu [Ciro] também estava com medo, pois via a cidade ao longe, mas parecia impossível alcançá-la. Por fim, com a experiência do capitão do barco e certamente com a ajuda de Deus, conseguimos chegar ao porto. Todos muito assustados.
Outra história que nos marcou tem que ver com um jovem chamado Afonso. Hoje ele tem 17 anos e foi batizado há quatro anos na Igreja Adventista. Ele era feiticeiro desde os oito anos de idade. Fazia cerimônias para que as mulheres ficassem grávidas. Ele era muito sincero. Acreditava que o Iran (diabo) era bom e por isso pedia as coisas para ele. As mulheres realmente ficavam grávidas e, por isso, Afonso gozava de muito respeito na aldeia, apesar de se locomover arrastando-se pelo chão, devido à paralisia infantil.
Um dia, o pastor Herculano foi fazer evangelismo na ilha das Galinhas e levou um filme sobre a vida e morte de Jesus. Afonso assistiu ao filme. Ficou impressionado por nunca antes ter ouvido falar de Jesus e surpreso em saber que havia alguém que morrera por ele.
Afonso chorou durante todo o filme e a partir dali aprendeu que não devia mais fazer cerimônias para o Iran.
Contra a vontade da família, ele deixou de ser feiticeiro e passou a pregar o amor de Jesus. Hoje ele estuda na 7ª serie, na capital, sustentado pelos irmãos da igreja. É uma benção para a igreja.
Qual a principal lição que aprenderam da vida como missionários?
Primeiro: Deus é amor. Ele ama a todos e tem muita paciência com a ignorância humana. Segundo: Deus cuida de Suas criaturas, estejam onde estiverem, mesmo em meio a total insegurança. Eu [Neusa] costumava dizer a eles que os anjos tinham muito trabalho com os africanos e que muitos anjos deveriam estar ocupados com eles, pois vivem 24 horas pela misericórdia de Deus. Sem recursos e sem meios, Deus é a única solução. Mesmo no chamado Primeiro Mundo, sabemos que Deus é a única solução. Mas, infelizmente, por causa dos recursos que muitos têm, acabam buscando soluções em outras fontes e não em Deus. Lá onde servimos como missionários, as pessoas aprendem a depender única e exclusivamente de Deus.
O que diriam para alguém que pensa ser missionário?
Em todos os lugares podemos ser missionários. Ser missionário é ter a coragem e a vontade de ser instrumento de Deus onde estamos e aproveitar cada oportunidade. Mas é claro que, em se tratando de ser missionários em paises como a África, carentes e muito desafiadores, diríamos que se você tem um sonho com o qual possa louvar a Deus, vá em frente.
Desafios são excelentes para nos ensinar a depender mais do Senhor, aprender muitas coisas, crescer profissional e intelectualmente também.
Esteja disposto a abrir mão de seus caprichos e conforto, não pensando em mudar alguém, mas disposto a sensibilizar as pessoas de outra cultura a desejarem mudanças naquilo que vai contra os princípios divinos.
Finalmente, é preciso muito amor, paciência, tolerância, altruísmo e dar sem esperar retorno. O retorno virá talvez não imediatamente, mas é preciso ter paciência para vê-lo surgir. E é preciso muita humildade diante de Deus e dos homens.