Rosangela Lira nasceu no dia 23 de dezembro de 1958, em São Paulo. Formou-se no curso de Teologia no antigo Instituto Adventista de Ensino (IAE, hoje Unasp), em 1981. Após a formatura, trabalhou três anos no Centro de Pesquisas Ellen G. White. Em seguida, trabalhou três anos na sede sul-americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Brasília. Desde 1996, tem-se dedicado à tradução da Lição da Escola Sabatina dos Jovens. Sua primeira tradução para a Casa Publicadora Brasileira foi a do livro Projeto Sunlight, e sua mais recente tradução foi a de uma obra de Marvin Moore, sobre as profecias de Apocalipse 13, a ser lançada em breve. Casada com o pastor Elizeu Lira, Rosangela tem um filho de 20 anos chamado Everton. Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, ela fala de uma de suas paixões: as profecias de Daniel:
Por que as profecias de Daniel e, especificamente, as de Daniel 8:14 e 9:24-27 são importantes para os adventistas?
Porque essas profecias tiveram papel importante, não só no movimento milerita da década de 1840, como no surgimento da Igreja Adventista. Elas formam a base da doutrina distintiva da igreja sobre a purificação do santuário celestial.
Você ajudou na preparação do manuscrito do livro Chronological Studies Related to Daniel 8:14 and 9:24-27, de Juarez Rodrigues de Oliveira, publicado em inglês pelo Unasp. Fale resumidamente sobre o conteúdo desse estudo.
O estudo de Juarez parte do pressuposto de que Daniel 8 e Daniel 9 estão correlacionados e que as profecias de ambos os capítulos se iniciam no mesmo ponto – assunto esse já exaustivamente abordado por vários autores no passado. A partir daí, ele prossegue, demonstrando que as datas tradicionalmente sustentadas pela Igreja Adventista como sendo o cumprimento de Daniel 8:14 e 9:24-27 (457 a.C., 31 d.C., 1844 d.C.) têm apoio bíblico, cronológico e astronômico. Ao mesmo tempo, o estudo visa a chamar a atenção para algumas declarações inconsistentes com relação a esses períodos, feitas por alguns autores denominacionais, que tornam a posição da igreja vulnerável a ataques por parte de críticos tanto internos quanto externos.
De que forma a Matemática e a História confirmam a exatidão dessa profecia?
A História, tanto secular quanto bíblica, nos fornece detalhes importantes que nos ajudam no estabelecimento das datas da profecia. Já a matemática nos ajuda a calcular os períodos proféticos com precisão, partindo do meio da septuagésima semana de Daniel 9 – o dia da morte de Cristo – para a fixação das datas (dia, mês e ano) de início e fim dos 2.300 anos. Ou seja, quando se parte da morte de Cristo (o dia da ceia pascoal, isto é, o 15º dia do primeiro mês lunar judaico no ano 31 d.C.), e se volta 69,5 semanas proféticas no passado (486,5 anos ou 177.690,33 dias), chega-se, interessantemente, ao Dia da Expiação, ou o décimo dia do sétimo mês lunar judaico, no ano 457 a.C.; a partir daí, avançam-se 2.300 anos solares, e se chega exatamente ao Dia da Expiação, o décimo dia do sétimo mês lunar judaico, em 1844 d.C. Somente é possível se partir de um Dia da Expiação, que é uma data no mês lunar, se avançar o tempo em anos solares, e se chegar novamente a um Dia da Expiação no mês lunar, porque o período de 2.300 anos é um ciclo astronomicamente perfeito, tendo um número exato de 28.447 lunações (meses lunares).
Então a Astronomia ajuda bastante na elucidação da cronologia profética de Daniel 8 e 9.
Sem dúvida. A astronomia nos ajuda principalmente no estabelecimento preciso das datas do calendário hebreu lunissolar relacionadas aos fatos da profecia. Uma vez que nesse calendário o primeiro dia de cada mês é estabelecido pelo aparecimento do crescente lunar no céu vespertino, a astronomia nos ajuda a calcular o dia mais provável para a visualização desse fenômeno. Para estabelecermos, por exemplo, a data da morte de Cristo em nosso calendário solar, precisamos saber qual foi o primeiro dia do mês lunar judaico, a fim de calcularmos o décimo quarto e o décimo quinto dias desse mês.
Por que podemos dizer que o adventismo surgiu num momento profético?
Porque a base do surgimento desse movimento foi uma profecia – a profecia de Daniel 8:14.
Há quem considere que a Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu no dia 23 de outubro de 1844, quando o pioneiro Hiran Edson caminhava num milharal em Nova York. Você concorda?
Sim, pois o discernimento que Edson obteve naquele dia levou à adoção da posição teológica que serviu de base para o surgimento da IASD – a de que o santuário a ser purificado em Daniel 8:14 era o santuário celestial.
Costumeiramente se diz que Edson havia compreendido os acontecimentos do dia anterior a 23 de outubro. Mas há quem considere que ele teve a visão em “tempo real”. É possível provar isso?
Não diria que é possível provar isso, mas que há indícios que apontam para isso. As palavras de Edson parecem apontar para mais do que um simples discernimento ou compreensão. Ao orar, ele tem a certeza de que receberia luz: “Continuamos em fervorosa oração até que foi dado o testemunho do Espírito de que nossas orações foram aceitas, e de que luz seria dada – nosso desapontamento explicado, esclarecido e resolvido.” Ele assim descreve sua experiência ao sair para fortalecer os irmãos: “Saímos, e ao passarmos através de um grande campo, fui parado mais ou menos na metade do campo. O Céu pareceu se abrir diante de meus olhos...” É interessante que ele não diz: “parei”, mas “fui parado”. Edson não nos diz a que horas teve esse discernimento, ou visão, no dia 23 de outubro; apenas nos diz que foi “após o desjejum.” Porém, é interessante notar que o horário de 7h da manhã, em Port Gibson, onde Edson estava, equivale a 15h em Jerusalém, ou seja, o momento do sacrifício da tarde, com o qual se encerrava o cerimonial do Dia da Expiação. Devemos ter em mente que o término do período profético de 2.300 anos deve ser considerado com base na cidade de Jerusalém, pois o início do período profético também está relacionado a esse local.
Por que Deus estabeleceu os tempos proféticos e tantos detalhes que exigem estudos aprofundados?
Creio que Deus deu as profecias para nos ajudar no preparo para os importantes eventos preditos por elas, e que cada detalhe cumprido fortalece nossa fé na veracidade da Sua Palavra. Cristo insistiu com os discípulos na importância do estudo profético. Referindo-Se a uma das profecias de Daniel, Ele disse: “Quem lê, entenda” (Mt 24:15). Podemos ter certeza de que o estudo das profecias terá a bênção de Deus e será ricamente recompensado.
Quais os principais fatos que confirmam a veracidade dos anos 457 a.C. e 1844 d.C., no contexto da profecia das 2.300 tardes e manhãs?
É com base na fixação da data da morte de Cristo que estabelecemos essas datas, pois ainda permanecem algumas incertezas históricas quanto ao ano de 457 a.C. para a viagem de Esdras. Já o ano de 1844 d.C. é resultante da data inicial da profecia.
Daniel informa que o ministério e a morte de Jesus se constituem no “selo” da visão das 2.300 tardes e manhãs. Como provar, então, que o batismo e a morte de Jesus ocorreram respectivamente nos anos 27 e 31?
Dentro do período possível para a crucifixão (durante o governo de Pilatos, de 26 d.C. a 36 d.C.), a morte de Jesus no dia do sacrifício pascoal (14º dia do mês de Nisã) ou da ceia pascoal (15º dia do mês de Nisã) só poderia ter caído numa sexta-feira nos anos 30, 31 ou 33 d.C. As evidências históricas disponíveis apontam para os anos 26 ou 27 d.C. para o início do ministério de Cristo e para os anos 30 ou 31 d.C. para Sua morte. Astronomicamente, 30 d.C. admite uma sexta-feira como 14 de Nisã, e 31 d.C. admite uma sexta-feira como 15 de Nisã. Uma vez que, segundo os evangelhos sinóticos, Cristo participou da ceia pascoal, a qual ocorria logo após o pôr do sol que marcava o início do dia 15 de Nisã, pode-se concluir, portanto, que Cristo teria morrido pouco antes do pôr do sol que marcava o fim do 15 de Nisã. Há, porém, algumas declarações problemáticas no Evangelho de João. Se, no entanto, buscarmos uma harmonia entre os sinóticos e João, veremos que os problemas existentes no quarto evangelho podem ser satisfatoriamente resolvidos. E se Cristo morreu num dia 15 de Nisã, o único ano possível para Sua morte é 31 d.C.
Por que você acha importante estudar as profecias?
Creio que o estudo das profecias confirma nossa fé. Assim como a parte inicial do período profético das 2.300 tardes e manhãs – as 70 semanas que culminavam com o primeiro advento (Dn 9:24-27) – se cumpriram no tempo preciso, a última parte desse período profético – a purificação do santuário que culminará com o segundo advento – também teve seu cumprimento no tempo certo. Como ao fim da purificação do santuário terrestre o sumo sacerdote saía e abençoava o povo, podemos ter a certeza de que muito em breve, ao fim da purificação do santuário celestial, Cristo virá para abençoar Seu povo com a vida eterna. “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (2Pd 1:19).
Por que as profecias de Daniel e, especificamente, as de Daniel 8:14 e 9:24-27 são importantes para os adventistas?
Porque essas profecias tiveram papel importante, não só no movimento milerita da década de 1840, como no surgimento da Igreja Adventista. Elas formam a base da doutrina distintiva da igreja sobre a purificação do santuário celestial.
Você ajudou na preparação do manuscrito do livro Chronological Studies Related to Daniel 8:14 and 9:24-27, de Juarez Rodrigues de Oliveira, publicado em inglês pelo Unasp. Fale resumidamente sobre o conteúdo desse estudo.
O estudo de Juarez parte do pressuposto de que Daniel 8 e Daniel 9 estão correlacionados e que as profecias de ambos os capítulos se iniciam no mesmo ponto – assunto esse já exaustivamente abordado por vários autores no passado. A partir daí, ele prossegue, demonstrando que as datas tradicionalmente sustentadas pela Igreja Adventista como sendo o cumprimento de Daniel 8:14 e 9:24-27 (457 a.C., 31 d.C., 1844 d.C.) têm apoio bíblico, cronológico e astronômico. Ao mesmo tempo, o estudo visa a chamar a atenção para algumas declarações inconsistentes com relação a esses períodos, feitas por alguns autores denominacionais, que tornam a posição da igreja vulnerável a ataques por parte de críticos tanto internos quanto externos.
De que forma a Matemática e a História confirmam a exatidão dessa profecia?
A História, tanto secular quanto bíblica, nos fornece detalhes importantes que nos ajudam no estabelecimento das datas da profecia. Já a matemática nos ajuda a calcular os períodos proféticos com precisão, partindo do meio da septuagésima semana de Daniel 9 – o dia da morte de Cristo – para a fixação das datas (dia, mês e ano) de início e fim dos 2.300 anos. Ou seja, quando se parte da morte de Cristo (o dia da ceia pascoal, isto é, o 15º dia do primeiro mês lunar judaico no ano 31 d.C.), e se volta 69,5 semanas proféticas no passado (486,5 anos ou 177.690,33 dias), chega-se, interessantemente, ao Dia da Expiação, ou o décimo dia do sétimo mês lunar judaico, no ano 457 a.C.; a partir daí, avançam-se 2.300 anos solares, e se chega exatamente ao Dia da Expiação, o décimo dia do sétimo mês lunar judaico, em 1844 d.C. Somente é possível se partir de um Dia da Expiação, que é uma data no mês lunar, se avançar o tempo em anos solares, e se chegar novamente a um Dia da Expiação no mês lunar, porque o período de 2.300 anos é um ciclo astronomicamente perfeito, tendo um número exato de 28.447 lunações (meses lunares).
Então a Astronomia ajuda bastante na elucidação da cronologia profética de Daniel 8 e 9.
Sem dúvida. A astronomia nos ajuda principalmente no estabelecimento preciso das datas do calendário hebreu lunissolar relacionadas aos fatos da profecia. Uma vez que nesse calendário o primeiro dia de cada mês é estabelecido pelo aparecimento do crescente lunar no céu vespertino, a astronomia nos ajuda a calcular o dia mais provável para a visualização desse fenômeno. Para estabelecermos, por exemplo, a data da morte de Cristo em nosso calendário solar, precisamos saber qual foi o primeiro dia do mês lunar judaico, a fim de calcularmos o décimo quarto e o décimo quinto dias desse mês.
Por que podemos dizer que o adventismo surgiu num momento profético?
Porque a base do surgimento desse movimento foi uma profecia – a profecia de Daniel 8:14.
Há quem considere que a Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu no dia 23 de outubro de 1844, quando o pioneiro Hiran Edson caminhava num milharal em Nova York. Você concorda?
Sim, pois o discernimento que Edson obteve naquele dia levou à adoção da posição teológica que serviu de base para o surgimento da IASD – a de que o santuário a ser purificado em Daniel 8:14 era o santuário celestial.
Costumeiramente se diz que Edson havia compreendido os acontecimentos do dia anterior a 23 de outubro. Mas há quem considere que ele teve a visão em “tempo real”. É possível provar isso?
Não diria que é possível provar isso, mas que há indícios que apontam para isso. As palavras de Edson parecem apontar para mais do que um simples discernimento ou compreensão. Ao orar, ele tem a certeza de que receberia luz: “Continuamos em fervorosa oração até que foi dado o testemunho do Espírito de que nossas orações foram aceitas, e de que luz seria dada – nosso desapontamento explicado, esclarecido e resolvido.” Ele assim descreve sua experiência ao sair para fortalecer os irmãos: “Saímos, e ao passarmos através de um grande campo, fui parado mais ou menos na metade do campo. O Céu pareceu se abrir diante de meus olhos...” É interessante que ele não diz: “parei”, mas “fui parado”. Edson não nos diz a que horas teve esse discernimento, ou visão, no dia 23 de outubro; apenas nos diz que foi “após o desjejum.” Porém, é interessante notar que o horário de 7h da manhã, em Port Gibson, onde Edson estava, equivale a 15h em Jerusalém, ou seja, o momento do sacrifício da tarde, com o qual se encerrava o cerimonial do Dia da Expiação. Devemos ter em mente que o término do período profético de 2.300 anos deve ser considerado com base na cidade de Jerusalém, pois o início do período profético também está relacionado a esse local.
Por que Deus estabeleceu os tempos proféticos e tantos detalhes que exigem estudos aprofundados?
Creio que Deus deu as profecias para nos ajudar no preparo para os importantes eventos preditos por elas, e que cada detalhe cumprido fortalece nossa fé na veracidade da Sua Palavra. Cristo insistiu com os discípulos na importância do estudo profético. Referindo-Se a uma das profecias de Daniel, Ele disse: “Quem lê, entenda” (Mt 24:15). Podemos ter certeza de que o estudo das profecias terá a bênção de Deus e será ricamente recompensado.
Quais os principais fatos que confirmam a veracidade dos anos 457 a.C. e 1844 d.C., no contexto da profecia das 2.300 tardes e manhãs?
É com base na fixação da data da morte de Cristo que estabelecemos essas datas, pois ainda permanecem algumas incertezas históricas quanto ao ano de 457 a.C. para a viagem de Esdras. Já o ano de 1844 d.C. é resultante da data inicial da profecia.
Daniel informa que o ministério e a morte de Jesus se constituem no “selo” da visão das 2.300 tardes e manhãs. Como provar, então, que o batismo e a morte de Jesus ocorreram respectivamente nos anos 27 e 31?
Dentro do período possível para a crucifixão (durante o governo de Pilatos, de 26 d.C. a 36 d.C.), a morte de Jesus no dia do sacrifício pascoal (14º dia do mês de Nisã) ou da ceia pascoal (15º dia do mês de Nisã) só poderia ter caído numa sexta-feira nos anos 30, 31 ou 33 d.C. As evidências históricas disponíveis apontam para os anos 26 ou 27 d.C. para o início do ministério de Cristo e para os anos 30 ou 31 d.C. para Sua morte. Astronomicamente, 30 d.C. admite uma sexta-feira como 14 de Nisã, e 31 d.C. admite uma sexta-feira como 15 de Nisã. Uma vez que, segundo os evangelhos sinóticos, Cristo participou da ceia pascoal, a qual ocorria logo após o pôr do sol que marcava o início do dia 15 de Nisã, pode-se concluir, portanto, que Cristo teria morrido pouco antes do pôr do sol que marcava o fim do 15 de Nisã. Há, porém, algumas declarações problemáticas no Evangelho de João. Se, no entanto, buscarmos uma harmonia entre os sinóticos e João, veremos que os problemas existentes no quarto evangelho podem ser satisfatoriamente resolvidos. E se Cristo morreu num dia 15 de Nisã, o único ano possível para Sua morte é 31 d.C.
Por que você acha importante estudar as profecias?
Creio que o estudo das profecias confirma nossa fé. Assim como a parte inicial do período profético das 2.300 tardes e manhãs – as 70 semanas que culminavam com o primeiro advento (Dn 9:24-27) – se cumpriram no tempo preciso, a última parte desse período profético – a purificação do santuário que culminará com o segundo advento – também teve seu cumprimento no tempo certo. Como ao fim da purificação do santuário terrestre o sumo sacerdote saía e abençoava o povo, podemos ter a certeza de que muito em breve, ao fim da purificação do santuário celestial, Cristo virá para abençoar Seu povo com a vida eterna. “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração” (2Pd 1:19).