No fim do mês de junho, o jornalista Michelson Borges concedeu esta entrevista ao jornal Correio Braziliense (leia também a reportagem aqui):
Quais são as principais ideias e linha de pensamento do criacionismo?
O criacionismo bíblico é uma associação coerente entre a ciência experimental e a religião bíblica. Seu objetivo é entender a realidade, especialmente no que diz respeito à origem e destino do Universo e da vida. Outras linhas de pensamento, como o darwinismo, também se valem desse tipo de associação, neste caso, entre a ciência e o naturalismo filosófico. Assim, ambos os modelos têm um componente científico e outro metafísico. Qualquer paradigma que busca compreender eventos passados únicos e irreproduzíveis (cientificamente não testáveis ou não falseáveis), utilizará, necessariamente, argumentos científicos e metafísicos na construção de modelos. Portanto, nenhum desses paradigmas deveria ser traduzido como uma teoria puramente científica (ou seja, um conjunto conciso de afirmações que explicam um conjunto abrangente de fenômenos). Da mesma forma, o evolucionismo não deveria ser confundido com filosofia (ou naturalismo filosófico), bem como o criacionismo não seria sinônimo de religião (ou conhecimento bíblico).
A discussão entre criacionismo e evolucionismo é antiga. Por que para a sociedade científica é tão difícil aceitar as ideias criacionistas?
Justamente porque muitos consideram o criacionismo como um modelo apenas religioso, sem levar em conta seu aspecto científico. Portanto, muito dessa rejeição aos criacionistas tem origem no preconceito. Criacionistas, embora reconheçam a Bíblia Sagrada como fonte de princípios morais e de respostas satisfatórias para as perguntas fundamentais da humanidade, também fazem boa ciência e se pautam pelo método científico. Dentre os vários cientistas criacionistas atuais que fazem pesquisas relevantes, podem-se destacar dois biólogos norte-americanos: Leonard Brand e Harold Coffin. Ambos têm artigos publicados nos mais prestigiados periódicos científicos, respectivamente, sobre baleias fossilizadas da Formação Pisco (Peru) e sobre as florestas petrificadas de Yellowstone (EUA). No Brasil, destaca-se o químico e professor da Unicamp, Dr. Marcos Eberlin, que dirige o Laboratório Thomson de espectrometria de massas, é membro da Academia Brasileira de Ciências e o terceiro cientista brasileiro mais citado em publicações científicas de renome. Para eles, é possível fazer boa ciência e defender o criacionismo bíblico.
A “sociedade científica”, como quaisquer outras sociedades, é fruto de seu meio cultural e é influenciada por ele. Após o Iluminismo, o mundo ocidental assistiu a uma crescente rejeição à religião institucionalizada. Mas isso nem sempre foi assim. Cientistas do quilate de Galileu e Newton não apenas ajudaram a criar o método científico, como eram profundamente religiosos. Newton e Pascal estudavam avidamente as Escrituras e não viam incompatibilidade alguma entre ciência e religião. Os criacionistas de hoje se consideram em boa companhia.
A teoria da evolução descrita por Darwin é realmente possível? Ela pode ser complementada pela teoria da criação?
Pode-se dizer que Darwin acertou no varejo, mas errou no atacado. Traduzindo, ele teve o brilhante insight da seleção natural, que é capaz de promover a microevolução, ou variação de baixo nível. Mas a macroevolução – o conceito de que todos os seres vivos se originaram de um único ancestral comum – se trata de extrapolação não confirmada pelos fatos.
Simpatizantes do modelo criacionista que tenham tido formação acadêmica entendem a importância da teoria da evolução e reconhecem a contribuição dada por Darwin à comunidade científica. Há aspectos no evolucionismo fundamentados, os quais são úteis para a compreensão de muitos fenômenos naturais, assim como para a interpretação de dados. A esses aspectos nenhum criacionista que tenha formação científica se opõe. Porém, como em toda teoria, há alguns pontos no evolucionismo que não são sustentáveis e devem ser questionados.
Por exemplo: a teoria da evolução não consegue explicar a origem da vida por processos naturais, a partir de matéria não viva; também não consegue explicar a origem da informação genética de sistemas irredutivelmente complexos; não consegue explicar o aumento de complexidade que teria acontecido nos organismos durante o processo evolutivo, ou seja, não consegue explicar a origem de novos órgãos, sistemas de órgãos e novos planos corporais. Em relação ao registro fóssil, a teoria da evolução não consegue explicar a Explosão Cambriana (surgimento repentino de formas de vida complexas no registro fóssil); e também não consegue explicar a falta de formas de transição entre os principais grupos de organismos.
Você acredita que seja possível misturar as crenças religiosas nas pesquisas científicas sobre a criação do mundo?
Não creio que seja interessante misturar crença com pesquisa científica. A ciência deve continuar funcionando à luz do naturalismo metodológico (que é bem diferente do naturalismo filosófico). Mas a Bíblia bem poderia fornecer algumas linhas de pesquisa, especialmente quando se percebe que o paradigma darwinista encontra limitações, insuficiências e becos sem saída. Por exemplo: quando os geólogos se deparam com as vastas camadas da coluna geológica observadas no Grand Canyon, que supostamente estiveram expostas cada uma a muitos milhares de anos, e não encontram nelas vestígios de erosão, deveriam ter a liberdade de racionar sob as premissas de outro modelo. O que aqueles estratos plano-paralelos indicam? Uma superposição rápida e catastrófica de sedimentos. Bem, a Bíblia sugere um tal cenário ao falar do dilúvio.
Outro exemplo: a biologia darwinista não consegue explicar a origem da informação complexa especificada presente no DNA. Mas, para o criacionista, que também pesquisa e estuda essa maravilhosa complexidade, o enigma é simples: informação pressupõe uma fonte informante inteligente e muito poderosa.
Portanto, o verdadeiro embate entre as argumentações evolucionistas e criacionistas está centrado na existência ou não de planejamento e intenção nas coisas existentes. Dentro desses limites, a discussão poderia ser puramente científica. Enquanto o evolucionismo defende a ideia de acaso e aleatoriedade, buscando explicar a vida como o resultado de causas puramente naturais, o criacionismo defende a ideia de propósito e planejamento, buscando explicar a vida como resultado da ação criadora de um Deus que ainda hoje se relaciona com o ápice de sua criação: o ser humano.
Por que você decidiu criar um blog sobre o assunto?
Porque me dei conta de que, de modo quase geral, a grande imprensa não tem tratado do assunto com o mínimo de neutralidade que seria esperado. Alguns veículos já classificaram os criacionistas como “aniti-intelectuais”, “obscuros”, “esquizofrênicos” e até “criminosos”! As pessoas que leem essas matérias e não procuram aprofundamento em livros e outras publicações criacionistas terão uma visão muito distorcida do criacionismo.
Criei o criacionismo.com.br como jornalista preocupado em mostrar o “outro lado da moeda” e levar a público uma discussão que muitas vezes fica restrita aos círculos acadêmicos. Amo a ciência, amo o jornalismo e amo o meu Criador. Era o mínimo que eu podia fazer pelos três.
Quais são as principais ideias e linha de pensamento do criacionismo?
O criacionismo bíblico é uma associação coerente entre a ciência experimental e a religião bíblica. Seu objetivo é entender a realidade, especialmente no que diz respeito à origem e destino do Universo e da vida. Outras linhas de pensamento, como o darwinismo, também se valem desse tipo de associação, neste caso, entre a ciência e o naturalismo filosófico. Assim, ambos os modelos têm um componente científico e outro metafísico. Qualquer paradigma que busca compreender eventos passados únicos e irreproduzíveis (cientificamente não testáveis ou não falseáveis), utilizará, necessariamente, argumentos científicos e metafísicos na construção de modelos. Portanto, nenhum desses paradigmas deveria ser traduzido como uma teoria puramente científica (ou seja, um conjunto conciso de afirmações que explicam um conjunto abrangente de fenômenos). Da mesma forma, o evolucionismo não deveria ser confundido com filosofia (ou naturalismo filosófico), bem como o criacionismo não seria sinônimo de religião (ou conhecimento bíblico).
A discussão entre criacionismo e evolucionismo é antiga. Por que para a sociedade científica é tão difícil aceitar as ideias criacionistas?
Justamente porque muitos consideram o criacionismo como um modelo apenas religioso, sem levar em conta seu aspecto científico. Portanto, muito dessa rejeição aos criacionistas tem origem no preconceito. Criacionistas, embora reconheçam a Bíblia Sagrada como fonte de princípios morais e de respostas satisfatórias para as perguntas fundamentais da humanidade, também fazem boa ciência e se pautam pelo método científico. Dentre os vários cientistas criacionistas atuais que fazem pesquisas relevantes, podem-se destacar dois biólogos norte-americanos: Leonard Brand e Harold Coffin. Ambos têm artigos publicados nos mais prestigiados periódicos científicos, respectivamente, sobre baleias fossilizadas da Formação Pisco (Peru) e sobre as florestas petrificadas de Yellowstone (EUA). No Brasil, destaca-se o químico e professor da Unicamp, Dr. Marcos Eberlin, que dirige o Laboratório Thomson de espectrometria de massas, é membro da Academia Brasileira de Ciências e o terceiro cientista brasileiro mais citado em publicações científicas de renome. Para eles, é possível fazer boa ciência e defender o criacionismo bíblico.
A “sociedade científica”, como quaisquer outras sociedades, é fruto de seu meio cultural e é influenciada por ele. Após o Iluminismo, o mundo ocidental assistiu a uma crescente rejeição à religião institucionalizada. Mas isso nem sempre foi assim. Cientistas do quilate de Galileu e Newton não apenas ajudaram a criar o método científico, como eram profundamente religiosos. Newton e Pascal estudavam avidamente as Escrituras e não viam incompatibilidade alguma entre ciência e religião. Os criacionistas de hoje se consideram em boa companhia.
A teoria da evolução descrita por Darwin é realmente possível? Ela pode ser complementada pela teoria da criação?
Pode-se dizer que Darwin acertou no varejo, mas errou no atacado. Traduzindo, ele teve o brilhante insight da seleção natural, que é capaz de promover a microevolução, ou variação de baixo nível. Mas a macroevolução – o conceito de que todos os seres vivos se originaram de um único ancestral comum – se trata de extrapolação não confirmada pelos fatos.
Simpatizantes do modelo criacionista que tenham tido formação acadêmica entendem a importância da teoria da evolução e reconhecem a contribuição dada por Darwin à comunidade científica. Há aspectos no evolucionismo fundamentados, os quais são úteis para a compreensão de muitos fenômenos naturais, assim como para a interpretação de dados. A esses aspectos nenhum criacionista que tenha formação científica se opõe. Porém, como em toda teoria, há alguns pontos no evolucionismo que não são sustentáveis e devem ser questionados.
Por exemplo: a teoria da evolução não consegue explicar a origem da vida por processos naturais, a partir de matéria não viva; também não consegue explicar a origem da informação genética de sistemas irredutivelmente complexos; não consegue explicar o aumento de complexidade que teria acontecido nos organismos durante o processo evolutivo, ou seja, não consegue explicar a origem de novos órgãos, sistemas de órgãos e novos planos corporais. Em relação ao registro fóssil, a teoria da evolução não consegue explicar a Explosão Cambriana (surgimento repentino de formas de vida complexas no registro fóssil); e também não consegue explicar a falta de formas de transição entre os principais grupos de organismos.
Você acredita que seja possível misturar as crenças religiosas nas pesquisas científicas sobre a criação do mundo?
Não creio que seja interessante misturar crença com pesquisa científica. A ciência deve continuar funcionando à luz do naturalismo metodológico (que é bem diferente do naturalismo filosófico). Mas a Bíblia bem poderia fornecer algumas linhas de pesquisa, especialmente quando se percebe que o paradigma darwinista encontra limitações, insuficiências e becos sem saída. Por exemplo: quando os geólogos se deparam com as vastas camadas da coluna geológica observadas no Grand Canyon, que supostamente estiveram expostas cada uma a muitos milhares de anos, e não encontram nelas vestígios de erosão, deveriam ter a liberdade de racionar sob as premissas de outro modelo. O que aqueles estratos plano-paralelos indicam? Uma superposição rápida e catastrófica de sedimentos. Bem, a Bíblia sugere um tal cenário ao falar do dilúvio.
Outro exemplo: a biologia darwinista não consegue explicar a origem da informação complexa especificada presente no DNA. Mas, para o criacionista, que também pesquisa e estuda essa maravilhosa complexidade, o enigma é simples: informação pressupõe uma fonte informante inteligente e muito poderosa.
Portanto, o verdadeiro embate entre as argumentações evolucionistas e criacionistas está centrado na existência ou não de planejamento e intenção nas coisas existentes. Dentro desses limites, a discussão poderia ser puramente científica. Enquanto o evolucionismo defende a ideia de acaso e aleatoriedade, buscando explicar a vida como o resultado de causas puramente naturais, o criacionismo defende a ideia de propósito e planejamento, buscando explicar a vida como resultado da ação criadora de um Deus que ainda hoje se relaciona com o ápice de sua criação: o ser humano.
Por que você decidiu criar um blog sobre o assunto?
Porque me dei conta de que, de modo quase geral, a grande imprensa não tem tratado do assunto com o mínimo de neutralidade que seria esperado. Alguns veículos já classificaram os criacionistas como “aniti-intelectuais”, “obscuros”, “esquizofrênicos” e até “criminosos”! As pessoas que leem essas matérias e não procuram aprofundamento em livros e outras publicações criacionistas terão uma visão muito distorcida do criacionismo.
Criei o criacionismo.com.br como jornalista preocupado em mostrar o “outro lado da moeda” e levar a público uma discussão que muitas vezes fica restrita aos círculos acadêmicos. Amo a ciência, amo o jornalismo e amo o meu Criador. Era o mínimo que eu podia fazer pelos três.