Geólogo adventista fala sobre a importância da criação da “filial” brasileira do Geoscience Research Institute
Aos 27 anos de idade, Nahor Neves de Souza Junior iniciou sua carreira profissional que já dura outros 27 anos. Essas quase três décadas, por sua vez, dividem-se em dois períodos iguais de 13,5 anos. Como geólogo criacionista, Nahor optou por uma carreira em Geologia Aplicada, tanto no âmbito acadêmico (mestrado e doutorado em Geotecnia, pela USP), como na esfera profissional (Petrobras, professor e pesquisador da Unesp e USP). Os 13,5 anos seguintes foram dedicados exclusivamente à obra de Deus, no Unasp, na coordenação de cursos de graduação e pós-graduação; como professor de Ciência e Religião; na publicação do livro Uma Breve História da Terra (em fase de conclusão da 3ª edição), preparação de artigos, CD-ROM e participação na produção de DVDs; apresentação de mais de trezentas palestras criacionistas em aproximadamente 120 eventos, entre outras atividades. “Estou entrando no meu 27º ano de feliz vida conjugal com Noemi [cirurgiã dentista, em São Carlos, SP], que me presenteou com quatro filhos, dos quais muito me orgulho: Israel, Tiago, Ana Claudia e Sarah”, diz Nahor.
No fim de junho, ele recebeu aquele que talvez seja o convite mais desafiador de sua carreira como militante criacionista: dirigir a “filial” brasileira do Geoscience Research Institute.
Para falar sobre isso, o Dr. Nahor conversou com Michelson Borges, no Unasp, campus Engenheiro Coelho.
Fale um pouco sobre o Geoscience Research Institute (GRI).
O GRI é uma instituição diretamente ligada à Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi fundado em 1958 com o propósito de utilizar tanto o conhecimento bíblico como o conhecimento científico, na busca de explicações para questões relativas às origens. Na verdade, a tentativa de harmonizar ambas as modalidades de conhecimento constitui a essência do próprio criacionismo.
Quem são os cientistas que trabalham ali e quais projetos de pesquisa eles desenvolvem?
A sede do GRI, localizada no campus da Universidade Adventista de Loma Linda (Califórnia), tem laboratórios próprios para pesquisa e uma biblioteca com 18 mil volumes, incluindo assinaturas de cem revistas técnicas. O instituto é responsável também pela publicação de dois periódicos: Origins e Ciencia de los Origenes. Sete cientistas, vinculados à instituição e que trabalham em período integral nos campos da Biologia, Geologia, Física e áreas afins, devotam seu tempo à pesquisa e divulgação do criacionismo em várias partes do mundo.
Essas pesquisas causam algum impacto na comunidade científica?
Além da atuação dos sete pesquisadores de tempo integral, o instituto mantém um modesto programa de apoio financeiro que favorece outros pesquisadores qualificados. O investimento em pesquisas, nos últimos 20 anos, resultou no desenvolvimento de aproximadamente cem novos projetos sobre temas relacionados com a origem e história da Terra. Vários desses projetos contribuíram para a produção de excelentes artigos científicos, publicados em anais de eventos técnico-científicos e em importantes revistas especializadas na área de ciências naturais.
Para o Brasil, o que significa ter uma filial do GRI?
Nosso País vem se destacando, no cenário da igreja mundial, não somente pelo expressivo número de membros, mas também nos setores da educação e do criacionismo. Nesse sentido, ressaltamos o trabalho pioneiro, extremamente abrangente e eficaz, desenvolvido (por quase quatro décadas) pela Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), com sede em Brasília, DF; as atividades realizadas pelo NEO (tradução e produção de artigos e livros criacionistas, divulgação mediante palestras em congressos e simpósios, entre outras iniciativas); e a oportuna e importante contribuição da CPB, na produção de abundante e excelente material criacionista (livros, materiais didáticos, CDs, etc.). Com efeito, podemos, então, destacar o principal objetivo dessa nova filial do GRI: otimizar os esforços e iniciativas individuais e das referidas instituições, em prol da conscientização e divulgação do criacionismo, para alcançar tanto a comunidade adventista como o meio acadêmico secular.
Como encarou sua nomeação para a função de diretor da sub-sede do GRI/Brasil?
Com surpresa e certa apreensão.
De que forma a criação dessa filial vai contribuir para a ampliação das atividades criacionistas no País?
Tendo em vista as oportunidades já disponíveis e os serviços atualmente oferecidos pelas três instituições (NEO, SCB e CPB), o criacionismo poderia já estar bem mais difundido ou ampliado no Brasil. Ou seja, os projetos (em andamento e outros em vista) somente poderão ser desenvolvidos, com sucesso, mediante a efetiva colaboração dos líderes da Igreja (da Divisão Sul-Americana à igreja local) e do real engajamento dos cientistas e professores adventistas.
Fale sobre os projetos que serão levados avante pelo GRI.
Dentre os novos projetos a ser implementados, destaco: intensificar e diversificar a produção de material criacionista (livros, revistas, CDs, DVDs e outros produtos); estimular e facilitar a aquisição desse material, de tal forma que os pré-universitários, universitários, professores e demais interessados adquiram adequada cultura criacionista; incentivar a criação de “pequenos grupos criacionistas” para atuarem no próprio ambiente universitário secular; encorajar pesquisadores universitários para que direcionem seus projetos em áreas promissoras (descobertas favoráveis à cosmovisão criacionista). Evidentemente, os eventos e cursos que visam à divulgação do criacionismo e à capacitação de estudantes e professores serão oferecidos com maior freqüência e abrangerão todo o território brasileiro.
Como o senhor avalia a controvérsia entre o criacionismo e o darwinismo?
Nos últimos treze anos, diretamente envolvido com essa controvérsia, tenho presenciado acontecimentos marcantes. O recente movimento do Design Inteligente ou TDI (que não deve ser, necessariamente, confundido com o criacionismo) tem confrontado o evolucionismo, revelando suas reais inconsistências e fragilidades. A o dedicar mais espaço à controvérsia, a mídia destaca a posição defensiva (muitas vezes, incoerente, agressiva e desrespeitosa) dos adeptos do paradigma evolucionista das origens. Na realidade, os problemas enfrentados por esse paradigma envolvem questões fundamentais e não periféricas. Particularmente, ao participar de eventos em várias universidades públicas, tenho a grata satisfação de sentir, além da boa recepção, o grande interesse de alunos e professores em conhecer a visão criacionista das origens. Essas oportunidades devem ser buscadas com maior freqüência. A cosmovisão criacionista, muito mais abrangente e consistente que a TDI, poderia promover a construção de modelos científicos (sobre temas relacionados com as origens) muito mais elucidativos e coerentes com a realidade dos fatos. Mas, onde estão e o que estão fazendo os cientistas criacionistas?
Por que os adventistas têm especial interesse na defesa do criacionismo, a ponto de manter um instituto de pesquisas científicas?
Para responder sua pergunta, preciso citar um pequeno texto de Ellen White: “Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incide maravilhosa luz da Palavra de Deus. Foi-lhes confiada uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 288). É também do nosso conhecimento que a primeira mensagem angélica nos conclama a adorar o Criador (o Autor do livro da natureza e do Livro dos livros, a Bíblia). Consideremos, ainda, que o criacionismo (em harmonia com Romanos 1:20) pode ser definido como uma associação coerente e sustentável entre o conhecimento bíblico e o conhecimento científico. Desse modo, podemos afirmar que o criacionismo é parte integrante do evangelho eterno (Apocalipse 14:6, 7). Portanto, a manutenção de um instituto de pesquisas em geociências não é apenas importante, mas imprescindível.
Assim, com coragem e determinação, mas com o devido preparo, estratégias adequadas e o amor de Jesus Cristo no coração, devemos atender ao “Ide” (Mc 16:15), como autênticos criacionistas adventistas.