quarta-feira, junho 03, 2009

Como falar do criacionismo

Esta entrevista com o jornalista Michelson Borges, feita por Emanuelle Sales, foi publicada no site do Unasp:

Num mundo de céticos, qual é a melhor forma de apresentar as provas da crença criacionista?

Primeiramente, é interessante mostrar para o cético o que é o verdadeiro ceticismo. Eu não considero o ceticismo uma coisa totalmente negativa. Um dos doze discípulos era ligeiramente cético e Jesus não o repreendeu por isso. Esse era Tomé. Ele buscava experimentar por si mesmo aquilo que os outros falavam. Claro que Jesus enalteceu aqueles que sem tocar creram, mas ele não repreendeu Tomé por querer tocar. Existe uma frase que sempre levo comigo que diz: “Não tenha medo da dúvida se tiver disposição para crer.” A melhor forma de apresentar o criacionismo é convidar os céticos a serem céticos de verdade, questionar tudo e buscar evidências que sejam sólidas para sua futura crença. Nós temos bastantes evidências para apresentar; veja quantas descobertas da arqueologia bíblica, da biologia molecular que apontam um design da vida. Então, mostre os fatos e deixe que os céticos tirem suas próprias conclusões.

Como o senhor afirma, a natureza tem as digitais do Criador. O que nela mais te impressiona e te faz ver melhor essas marcas?

Acredito que a complexidade num amplo espectro. Os próprios darwinistas afirmam essa complexidade. Por exemplo, Richard Dawkins. no livro O relojoeiro cego, diz que o núcleo de uma ameba tem tanta informação quanto em toda a enciclopédia de 30 volumes da Barsa. Saindo desse espectro e indo para outro, o cérebro humano é uma máquina tão complexa que faz você ver que a ideia de vida simples não existe. Toda vida, da mais simples até a mais complexa, revela que houve um planejamento. Mas, sem dúvida, o que mais me fascina é ver o céu à noite. Eu acho impressionante olhar as estrelas. Claro que meus olhos não alcançam tudo, mas vejo fotos revelando as galáxias, a nebulosa de Helix que tem o formato de um olho, outra que tem o formato de um DNA. Eu creio que são pinceladas de Deus numa noite para a gente lembrar que Ele existe.

Quais são as maiores dificuldades encontradas por alguém que trabalha em favor da pregação criacionista?

Primeiro, a angústia de querer mostrar uma coisa que você sente e crê de todo o coração às pessoas que escolheram, a priori, não crer. Dizem que nós temos a mente fechada, mas na verdade nós abrimos a mente para o natural e o sobrenatural, enquanto os naturalistas fecham a mente para o sobrenatural. Então, com essa metodologia um tanto limitadora que não admite a existência de algo que não seja natural, ou cientificamente demonstrado, é realmente complicado você tentar mostrar que existe algo além.

Outra dificuldade é ter que adequar nossa linguagem ao vocabulário científico. Muitos usam de falácias e falam do darwinismo sem ter muito conhecimento, e ao falarem “verdades” sem consistência acabam desacreditando o próprio criacionismo. Nós, criacionistas, temos que ser mais multidisciplinares que os darwinistas. Temos que transitar em vários campos do saber: a arqueologia, a biologia, a física, a teologia – e isso causa um grande desgaste.

O que todo adventista deve saber sobre ciência?

Primeiro, deve saber o que é ciência. É importante saber diferenciar a ciência experimental da ciência histórica, porque hoje se confundem muito. Por exemplo, quando se fala da origem da vida, as pessoas acham que isso é ciência experimental, mas não é, porque não tem como demonstrar em laboratório como a vida funcionou no começo. Tem que simular um suposto ambiente primordial sem ter certeza de que foi aquele. A ciência experimental também está do nosso lado porque os criacionistas não são anticientíficos, eles vão a laboratórios, pesquisam, estudam a realidade química, a biológica e tudo que foi criado. Se você entender o que é ciência e suas ramificações, fica mais fácil dialogar com um darwinista.

Vários livros e filmes ateístas são lançados no mercado literário e cinematográfico. Como o teísmo se encontra nesse ambiente?

Curiosamente nós estamos vivendo o renascimento da religiosidade na era pós-moderna. Esse crescimento não é do teísmo, mas sim da espiritualidade. As pessoas estão mais abertas à crença e à religião, mas não necessariamente a Deus. Eu creio que o teísmo está em desvantagem nessas produções. Ou se vê ateísmo sendo divulgado, ou as crenças espiritualistas. A realidade pós-moderna é descompromissada com igreja e regras; as pessoas querem mais uma vivência espiritual e livre. Vemos o crescimento dos novos ateus e de uma religiosidade esvaziada também crescendo bastante. Nas produções de Hollywood, em vários filmes, em revistas e livros, vemos a transposição dessa realidade.

Dicas de livros.

Não tenho fé suficiente para ser ateu (Norman Geisler & Frank Turek)
Em defesa da fé (Lee Strobel)
Em defesa de Cristo (Lee Strobel)
Um ateu garante: Deus existe (Antony Flew)
A alma da ciência (Nacy Pearcey)