Neila Diniz de Oliveira
nasceu no interior de São Paulo e foi registrada numa cidade chamada Rosana. É
formada em Letras, com licenciatura em língua portuguesa e língua inglesa.
Trabalha há quase 25 anos na Casa Publicadora Brasileira (CPB). É casada com
Levi Gruber de Oliveira e tem dois filhos: Gabriel (14 anos) e Matheus (9
anos). “Sempre gostei de bordar ponto cruz e fazer tricô, mas ultimamente meu hobby tem sido escrever para crianças e
adolescentes”, diz ela. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Michelson
Borges, Neila fala de suas atividades literárias e de seus livros já
publicados.
Antes
de falarmos sobre seu novo livro, conte-nos como chegou a ser editora na Casa
Publicadora Brasileira.
Aos 17 anos de idade,
comecei a trabalhar como assistente de revisão na Redação da CPB. Depois de
dois anos, fui convidada para trabalhar como secretária da área de livros.
Nesse período, acompanhei mais de perto o trabalho de editoração porque atendia
às editorias de livros denominacionais, Espírito de Profecia e Didáticos. Foi
um tremendo aprendizado. Quatro anos depois de atuar como secretária, fui
promovida a editora associada de livros denominacionais, função que ocupo até
hoje.
Fale
um pouco sobre sua rotina de trabalho na CPB. O que faz um editor?
Antes de começar a
trabalhar na Redação, eu não tinha ideia de qual era o trabalho de um editor.
Mas, à medida que conheci, me apaixonei. Costumo dizer que essa foi a profissão
que Deus escolheu para mim. O trabalho de um editor envolve as revisões de um
texto, tendo em vista torná-lo o mais correto possível tanto no aspecto
gramatical como conceitual. Em muitos casos, quando necessário, também
produzimos texto, como contracapa, notas explicativas, etc.
Escrevi sete livros,
dos quais cinco já estão impressos. O primeiro foi uma pequena biografia de
Davi Livingstone, escrito em parceria com a Abigail Liedke. Costumamos dizer
que foi uma obra feita no “susto” porque precisávamos de um material com esse
teor para o curso de leitura dos juvenis, mas não havíamos conseguido
aproveitar o livro que tinha sido indicado. Nesse caso, foi mais fácil escrever
um novo livro do que consertar o outro. Sempre tive muita preocupação de que as
crianças desenvolvessem o hábito de leitura dos materiais do Espírito de
Profecia, por isso procurei escrever livros baseados nas obras de Ellen G.
White. Foi assim que surgiram a Inspiração Juvenil O Resgate, publicada em 2006, e a série “Aventuras do Povo de
Israel”, que é composta por três livros: Travessia em Mar Aberto e os Ossos
Misteriosos do Egito, A Montanha Sagrada
e o Homem que Viu a Deus e A Terra
Prometida e as Muralhas Invencíveis de Jericó (em fase de preparo para
impressão). O Segredo que as Cavernas
Escondiam é o mais recente. O último que escrevi ainda é surpresa, mas
posso adiantar que representou até agora o maior desafio e responsabilidade.
Por outro lado, foi um dos trabalhos que mais me trouxeram prazer e alegria.
Seu
novo livro é a respeito do estilo de vida cristão. Esse tema geralmente é visto
com certo preconceito, pois tem que ver com áreas sensíveis da vida. Como você
abordou o assunto? E mais: Como conseguiu torná-lo interessante para
adolescentes e jovens?
Qualquer assunto pode
gerar preconceito, dependendo não apenas de como é abordado, mas também de como
é interpretado. A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem vivido um momento
importante no que diz respeito ao movimento mundial de reavivamento e reforma. E
o estilo de vida cristã está totalmente inserido nesse contexto. Como pais,
sentimos a responsabilidade que repousa sobre nós quanto às orientações que
nossos filhos precisam receber, desde bem pequenos, para que se tornem adultos
felizes e encarem a vida ao lado de Cristo como um privilégio e uma salvaguarda
contra os problemas que o mundo oferece. Meu filho mais velho está com 14 anos
e sempre tivemos um bom relacionamento porque conversamos bastante sobre
qualquer assunto. Num feriado no fim de 2012, fizemos uma viagem com uma
família de amigos, e tivemos uma experiência encantadora. Deus havia preparado
um presente especial, que resultou no livro O
Segredo que as Cavernas Escondiam. O diferencial é que a história foi
contada da perspectiva do meu filho, um adolescente como qualquer outro.
A
história é baseada em fatos reais vividos por você e sua família. Como e quando
surgiu essa ideia?
Quem me conhece bem,
sabe que acampar não é o meu lazer preferido. Gosto de estar no meio da natureza
e aprecio as maravilhas da criação, mas prefiro um pouco mais de conforto do
que aquele que as barracas oferecem. Mas quando uma família de amigos muito
próximos nos convidou para irmos a Apiaí, os meninos ficaram tão entusiasmados
que foi difícil dizer não. Achávamos que seria um passeio comum, mas tivemos
uma surpresa, que estava relacionada à guia que nos acompanhou no passeio às
cavernas. Quando voltamos, fiquei pensando naquela experiência e achei que era
uma boa oportunidade para abordar o estilo de vida cristão adventista de uma
forma prática. Comecei a escrever o livro e o concluí em menos de um mês,
porque a história foi fluindo com naturalidade. Considerando que foi uma
atividade extra, achei o período de produção bastante curto e atribuo à bondade
e ao poder de Deus a realização dessa “façanha”.
Que
objetivos você teve em mente ao conceber esse livro?
O objetivo principal é
que os adolescentes e jovens percebam que seguir um estilo de vida cristão adventista
é uma bênção. Ser diferente da maioria é um privilégio e não algo ruim, porque nossos
princípios estão fundamentados nas orientações divinas. E não existe ninguém
que seja tão sábio para nos dirigir e que queira tanto o nosso bem como Deus.
Outro ponto é que os adolescentes e jovens enxerguem a Igreja Adventista como
uma grande família, que se preocupa com eles e que existe para acolhê-los e
ajudá-los a viver da melhor maneira possível aqui.
Normalmente, eu começo
a escrever quando sinto que devo. A Inspiração Juvenil, por exemplo. Eu estava
trabalhando com um material e pensei: “Seria tão bom se tivéssemos uma
Inspiração Juvenil baseada no Espírito de Profecia...” Imediatamente veio o
pensamento, como uma voz muito clara: “Por que você não escreve?” Eu sabia quem
estava sugerindo aquele pensamento e, muito cedo em minha vida, fiz um voto de
sempre dar ouvidos àquela Voz. Acho que, em meu caso, primeiro preciso sentir o
“convite” de Deus, que pode vir por meio de um pensamento ou até mesmo por meio
de alguém que percebo que está sendo usado por Ele. Oro muito a respeito e,
quando decido começar, procuro ler e pesquisar o máximo a respeito do assunto
que quero desenvolver. Quando me sento para digitar, oro novamente e as ideias
fluem. Isso não quer dizer que meu texto sai perfeito. Longe disso... Mas me
sinto bem fazendo assim. Gosto de chamar meu marido e meus filhos e ler para
eles cada capítulo que escrevo. Eles sempre têm boas sugestões para dar. O
maior desafio tem sido conciliar as atividades do trabalho, da família e da
casa. Mas Deus tem feito meu tempo render.
Alguns
de seus livros são histórias fictícias. O que caracteriza uma boa ficção?
A ficção pode ser um
bom estilo literário. Jesus usou parábolas, que muitas vezes eram histórias
fictícias, para alcançar as pessoas. Mas é preciso ter cuidado porque pode
confundir o leitor. Creio que uma boa ficção é aquela que alcança o objetivo
que o autor tinha em mente quando optou por esse estilo.
Em
sua opinião, qual a maior alegria para um autor?
Creio que é quando sua
obra faz diferença, para o bem, na vida de alguém.
Nota:
O livro O Segredo que as Cavernas
Escondiam (colorido, com fotos no final) já está à disposição pelo 0800-9790606.
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